Em palestra no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quarta-feira (22), o ministro Alexandre de Moraes ironizou a fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) feita em 2018 de que bastava um cabo e um soldado para fechar o STF (Supremo Tribunal Federal).
Moraes defendeu, na palestra, a regulamentação das redes sociais e fez um paralelo a ascensão do que chamou de “populismo digital extremista” e os ataques às instituições.
“Esse novo populismo digital extremista, que se baseia nas redes sociais, não adota golpe à moda antiga”, disse o ministro. “Não precisa de tanque na rua e nem fechar o Congresso. Ela quer se comunicar direto com os extremistas do povo.”
“Todos se recordam que bastava um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal. O cabo, o soldado e o coronel estão todos presos, e o Supremo Tribunal Federal aberto, e funcionando”, ironizou.
“Mas se disse que bastariam um cabo e um soldado. Como não foi um cabo e um soldado, foram milhares de pessoas que destruíram o prédio do Supremo Tribunal Federal.”
A fala do ministro encerrou um seminário sobre inteligência artificial, democracia e eleições, que aconteceu no TSE. O tema debatido por Moraes foram os “Desafios para a democracia no século 21”.
Como já fez em discursos recentes, Moraes se manifestou a favor de que as empresas de tecnologia tenham a mesma responsabilidade “do mundo real”. Ou seja, de empresas que não atuam nessa área.
“[As big techs dizem que são] Meros repositórios, meros depósitos de livre manifestação das pessoas”, afirmou.
“Se são meros repositórios, porque direcionam [conteúdo], impulsionando determinadas notícias que dão mais proveitos econômicos?”, questionou o ministro.
“São empresas, que dentro do capitalismo querem lucrar, não tem problema nenhum, mas têm que ser regulamentadas.”
O seminário acontece às vésperas de Moraes deixar o TSE. Ele será sucedido na presidência da corte no início de junho pela ministra Cármen Lúcia.