A três semanas das eleições ao Parlamento Europeu, partido de ultradireita espanhol Vox, hoje representado com quatro cadeiras, espera surfar em uma onda populista. A três semanas das eleições ao Parlamento Europeu, o partido de ultradireita espanhol Vox exibiu em comício neste último domingo (19) em Madrid o apoio de líderes internacionais como o presidente argentino Javier Milei, a candidata francesa à presidência Marine Le Pen e o presidente do partido português anti-imigração Chega, André Ventura.
Como seus aliados em outros países da União Europeia, o Vox espera ampliar suas cadeiras ao surfar em uma onda populista nas eleições do bloco, em 9 de junho.
O evento aconteceu sob forte esquema de segurança, dias depois de um atentado contra o primeiro-ministro da Eslováquia, o também ultradireitista Robert Fico, e foi marcado por hostilidades à imprensa.
Líder do Vox, Santiago Abascal pediu a um público de 10 mil pessoas união para derrotar a ameaça representada pela esquerda. “Diante do globalismo e da alma socialista, precisamos responder com uma aliança global que defenderá o senso comum, porque essa é uma ameaça a todos nós.”
Além de bandeiras da Espanha, havia entre o público também bandeiras do Brasil, Argentina, Cuba, Venezuela e Israel.
A primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, participou por videoconferência e falou ao público em espanhol, criticando a migração irregular e a barriga de aluguel.
Também por vídeo, o presidente húngaro Viktor Orbán e o ex-primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki exaltaram o que chamaram de valores cristãos europeus e advertiram contra o “veneno” da “propaganda de gênero”.
Participaram do evento, ainda, o líder ultradireitista chileno Jose Antonio Kast e o ministro israelense para Assuntos da Diáspora, Amichai Chakli.
O Vox pode passar de quatro a seis assentos no Parlamento Europeu, caso se confirmem os 8,8% de intenção de votos medidos em uma pesquisa Cluster 17 divulgada na última sexta-feira.
Seu melhor desempenho em eleições gerais foi em 2019, quando levou 52 das 350 cadeiras no Congresso dos Deputados, a câmara baixa da Espanha. O sucesso, à época, foi impulsionado pelo fracasso da campanha pró-independência da Catalunha. Desde então, o partido encolheu e passou a 33 cadeiras, mas ainda é a terceira maior força na casa.
Milei volta a atacar primeiro-ministro espanhol
Milei foi aplaudido de pé por um discurso em que se voltou contra “esquerdistas”. “Abrir a porta para o socialismo significa convidar a morte a entrar.” O argentino também agradeceu a Abascal por estar ao lado dele quando era “mais solitário que Adão no dia das mães”.
Um dia antes, Milei, que vem trocando farpas com o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sanchez, disse que o socialismo “é o câncer da humanidade”.
No domingo, o argentino voltou a alfinetar o presidente, chamando a mulher dele, Begoña Gómez, de “corrupta”. Em resposta, o governo espanhol convocou sua embaixadora em Buenos Aires para consultas.
Gómez foi acusada por um grupo de ativistas anticorrupção, mas o Ministério Público espanhol disse posteriormente que abandonaria o caso por falta de evidências.
Ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares ameaçou a tomada de “medidas apropriadas” para defesa da “soberania e dignidade” da Espanha caso Milei não faça um “pedido público de desculpas”.
Albares realçou que Milei “foi recebido na capital de Espanha de boa-fé” e tratado “com todo o respeito e deferência devida”, tendo sido colocado à disposição do Presidente da Argentina “os recursos públicos do Estado espanhol necessários” para a sua estadia, e que as palavras dele “ultrapassam qualquer tipo de diferença política e ideológica”.
Milei chegou a Madrid na sexta-feira e regressou no domingo à Argentina, depois de participar do evento do Vox. Foi a primeira viagem do mandatário argentino à Espanha. Milei, contudo, quebrou o protocolo ao recursar encontros com autoridades espanholas.