A menos de seis meses das eleições municipais, o PL, de Jair Bolsonaro, passa por indefinições e brigas internas em ao menos nove grandes cidades, sendo sete capitais: Goiânia, Porto Alegre, Fortaleza, Rio Branco, São Luís, Campo Grande e Curitiba.
Na capital de Goiás, o diretório municipal está dividido em duas alas. A pré-candidatura do deputado federal Gustavo Gayer (PL) é apoiada por uma delas, mas o deputado estadual Delegado Eduardo Prado desponta como alternativa.
O cenário é similar ao de Balneário Camboriú (SC). O prefeito Fabrício Oliveira (PL) não pode se reeleger e há uma disputa interna para saber quem o sucederá: o líder do governo Jorginho Mello na Assembleia Legislativa, Carlos Humberto, ou o empresário Peeter Lee Grando.
Em Curitiba, o impasse consiste em ter um nome próprio ou dar apoio a outro candidato. O ex-deputado Paulo Martins se apresenta como opção e é defendido por correligionários. A sigla tentou filiar o ex-governador Beto Richa (PSDB) para entrar na disputa, mas a manobra enfrentou forte resistência do núcleo duro do bolsonarismo.
A ala próxima ao deputado federal Filipe Barros defende que o partido apoie o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), indicado pelo prefeito Rafael Greca (PSD). Fontes próximas à prefeitura afirmam que esse apoio deve ser anunciado nos próximos dias.
Dobradinha em xeque
O impasse entre candidatura própria ou apoios se repete em Porto Alegre e Fortaleza. Na capital do Rio Grande do Sul, o vice-prefeito eleito em 2020, Ricardo Gomes, era filiado ao PL até meados de março. Como o prefeito Sebastião Melo (MDB) havia sinalizado o interesse em repetir a dobradinha, o partido tinha decidido apoiar o gestor.
Com a saída de Gomes por causa de discordâncias partidárias, contudo, o PL se divide agora entre continuar com o prefeito ou disputar contra ele. Entre os cotados para uma pré-candidatura está o deputado federal Tenente Coronel Zucco, que presidiu a CPI do MST no ano passado.
Já na capital cearense, o deputado federal André Fernandes foi lançado com a presença de Bolsonaro e indicou que vai construir uma chapa puro-sangue, mas seu nome não é consenso. Uma ala do partido defende o apoio a Capitão Wagner (União), que acreditam ser mais competitivo.
Fernandes refuta a possibilidade de deixar de concorrer:
— Capitão Wagner não se caracteriza como de direita. A direção nacional do partido já disse que Fortaleza é uma prioridade e que vai investir na minha pré-candidatura.
Em São Luís, derrotar o prefeito Eduardo Braide (PSD) é um objetivo que une partidos diametralmente opostos, como PL e PT. Ambos se aproximam do deputado federal Duarte Júnior (PSB), um dos herdeiros políticos do ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino, ex-governador do estado.
— Há um diálogo praticamente consolidado com o PL e, inclusive, o PT foi informado e não houve nenhuma oposição. Existe um entendimento de que precisamos unir todas as forças possíveis pela cidade — afirma Duarte Júnior.
Comandado por Josimar Maranhãozinho, deputado da ala governista do PL, o diretório sinaliza que pode apoiar o pessebista, mas enfrenta resistência da ala mais radical. Isso porque um outro pré-candidato, Yglésio Moyses (PRTB), tem associado sua imagem à de Bolsonaro.
Uma possível disputa entre aliados de ex-ministros de Bolsonaro e nomes do PL também gera divergências. É o caso de Guarulhos (SP), com o líder do governo Tarcísio de Freitas na Assembleia, Jorge Wilson (Republicanos), e Campo Grande, com a prefeita Adriane Lopes (PP), apoiada pela ex-ministra da Tereza Cristina (Agricultura).