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sábado 18 de maio de 2019 às 07:56h

Brigadeiro: conheça a história política e curiosa do doce brasileiro

CURIOSIDADES


Veja a história do doce brasileiro que foi criado em defesa de um candidato à presidência 

O brigadeiro é feito de leite condensado, chocolate em pó e manteiga, e enrolado em granulado. Ingredientes à parte, o doce tem uma origem incomum. Ficou popular na década de 1940, quando o racionamento tornou o leite condensado um substituto comum para sobremesas. A história afirma que, por volta dessa época, mulheres vendiam a guloseima em comícios em defesa do candidato à presidência e do brigadeiro da Força Aérea, Eduardo Gomes, durante a primeira eleição nacional em que todas as mulheres puderam votar.

As mulheres começaram a se unir pela igualdade de voto no século 19. Os esforços de entidades sufragistas, como a Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino, liderada pela cientista, futura delegada da ONU, e política Bertha Lutz, ganharam força quando as mulheres conquistaram o direito de voto na Europa e nos Estados Unidos. Após décadas de luta, as brasileiras conquistaram o direito em 1932.

O brigadeiro da Força Aérea, Eduardo Gomes (1896 - 1981) (Foto: Reprodução)
O brigadeiro da Forças Armadas, Eduardo Gomes (1896 – 1981)

No entanto, havia restrições: apenas as casadas que tinham permissão de seus maridos, solteiras que recebiam seus próprios salários e viúvas podiam para votar. Isso afetou a participação política das mulheres e, como observa o Oxford Human Rights Hub, entidade internacional de direitos humanos, “a extensão do voto às mulheres no Brasil era uma maneira de incluí-las na esfera pública, garantindo ao mesmo tempo que a esfera privada não sofresse nenhuma perda”. Graças aos esforços contínuos na luta pela igualdade, o voto tornou-se obrigatório nos país para todos e todas entre 1945 e 1946.

Naquela época, foi formada a União Democrática Nacional (UDN), que se opunha ao regime populista de Getúlio Vargas, no final do Estado Novo. O primeiro candidato à presidência do novo partido foi Eduardo Gomes. Antes de sua candidatura, já era famoso no Brasil. Conhecido como “o Brigadeiro”, ele participou de um movimento liderado por tenentes que defendiam reformas sociais. Em julho de 1922, um grupo liderou uma revolta no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. Quase todos foram mortos a tiros na praia, exceto Gomes e Antônio de Siqueira Campos.

Gomes entrou na política, se uniu contra o populismo e se tornou o rosto de um movimento destinado a desmantelá-lo. Em 1945, enquanto concorria à presidência, também demonstrava que não estava comprometido. Um dos slogans de campanha era: “Vote no brigadeiro, que é bonito e solteiro”.

Gomes realizou captação de recursos antes da eleição, e mulheres na esfera política do Rio de Janeiro foram cruciais na campanha. Nos comícios, ela vendiam pedaços de leite condensado com chocolate, e o nomearam de brigadeiro. É uma história que muitos brasileiros crescem ouvindo. Mas a origem do doce é contestada por alguns contos, e pode ser apenas uma lenda.

De qualquer maneira, o ingrediente principal do docinho é uma criação daquele período. O leite condensado foi inventado para esterilizar a pré-refrigeração do leite e tornou-se indispensável em tempos de guerra, particularmente durante a Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Segundo a publicação Words Without Borders, a Segunda Guerra Mundial criou um déficit de importações de produtos que eram essenciais para as sobremesas da época (como frutas e castanhas), então os doces passaram a ser feitos com o que estava disponível.

Pode ser que o brigadeiro tenha sido inventado antes dos anos 1940, mas a Nestlé passou a comercializar leite condensado e chocolate em pó no Brasil naquela década. Juntamente com a candidatura de Gomes, os anúncios publicitários da empresa ajudaram a guloseima decolar.

Não está claro por que os apoiadores de Gomes escolheram o doce para ganhar votos para o brigadeiro. Ele perdeu a eleição para Eurico Gaspar Dutra, e o fervor pelo leite condensado – e pelo brigadeiro – dura até hoje.

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