Estudo considera menores entre sete e nove anos de 17 países da região europeia da agência de saúde da ONU; durante a crise, 36% das crianças aumentaram o tempo gasto assistindo à televisão, em jogos on-line ou usando mídias sociais durante a semana; uma em cada três crianças vive com sobrepeso e obesidade e consumo de frutas e vegetais é baixo.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, publicou nesta quarta-feira um estudo sobre o impacto da pandemia de Covid-19 na rotina e nos comportamentos de crianças em idade escolar.
O levantamento considerou 17 países na região Europeia da OMS e revela que a pandemia aumentou o tempo de tela e diminuiu o de atividade física, refletindo um aumento no excesso de peso infantil.
Tendências de saúde infantil
O estudo constatou que, durante a pandemia, 36% das crianças aumentaram o tempo gasto assistindo à televisão, em jogos on-line ou usando mídias sociais durante a semana. Outros 34% aumentaram o tempo de tela recreativa nos fins de semana.
Além disso, 28% das crianças tiveram uma redução no tempo gasto em atividades ao ar livre durante a semana e 23% tiveram uma redução nos finais de semana.
As famílias relataram um aumento nas refeições feitas em casa e em conjunto, a compra de alimentos a granel e o ato de cozinhar refeições junto com as crianças. No entanto, 42% das crianças relataram um declínio na felicidade e no bem-estar.
Segundo a OMS, um quinto das crianças relatou sentir-se triste com mais frequência e 1 em cada 4 crianças também relatou sentir-se solitária com mais frequência.
O Escritório da OMS na Europa conduziu a pesquisa junto com o Centro para Nutrição e Obesidade Infantil no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge em Lisboa, Portugal. A pesquisa foi realizada em 17 dos 53 Estados-membros da região de 2021 a 2023. Mais de 50 mil crianças participaram.
Lições para os países
O conselheiro regional da OMS na Europa para Nutrição, Atividade Física e Obesidade, Kremlin Wickramasinghe explicou que em alguns países houve mudanças positivas, como mais famílias comendo juntas, mas também houve algumas descobertas preocupantes, incluindo um aumento nos hábitos alimentares não saudáveis e no tempo sedentário.
Ele enfatizou que as tendências não podem ser ignoradas, já que 1 em cada 3 crianças está vivendo com sobrepeso e obesidade e o consumo de frutas e vegetais já é baixo.
A diretora do Centro da OMS para Nutrição e Obesidade Infantil e coautora do relatório, Ana Rito, acrescentou que o estudo traz uma visão inédita dos resultados físicos e mentais da pandemia para crianças em idade escolar, com foco na doença de alto risco e de longo prazo da obesidade.
Urgência no combate a obesidade infantil
Para a agência da ONU, a pandemia destacou a urgência de combater a obesidade infantil. Os países da região precisam se recuperar melhor, priorizando a alimentação saudável e a atividade física para as crianças em todos os estágios de desenvolvimento. Isso requer uma legislação abrangente, multissetorial e obrigatória que proteja as crianças o tempo todo e em qualquer circunstância.
A OMS recomenda práticas como restrições de marketing e impostos sobre produtos não saudáveis, rótulos nutricionais claros nos alimentos e programas escolares para melhorar as dietas e promover a atividade física.
Os novos dados podem ser usados para informar e aprimorar as políticas atuais em toda a região e moldar planos muito necessários para futuras emergências e pandemias que possam levar à interrupção dos processos educacionais ou ao fechamento de escolas.