Depois de antecipar sua volta da reunião de ministros da Fazenda do G20 em Washington, Fernando Haddad se dedica nesta semana a negociações para evitar que a crise política entre Arthur Lira e o governo Lula resulte em “pautas-bombas” na Câmara e na sessão de vetos do Congresso.
Os esforços de articulação de Haddad devem recair sobre projetos como o da reoneração gradual da folha de pagamentos, com o qual o governo tenta diluir a prorrogação da desoneração até 2027, aprovada pelo Congresso – inclusive com direito, posteriormente, à derrubada do veto de Lula.
O ministro da Fazenda também tenta negociar uma redução do escopo do Perse, programa de socorro aos setores de eventos e turismo na pandemia que acabou estendido para muito depois das fases de maior disseminação da covid-19. O custo é multibilionário.
No Senado, causa preocupação a Haddad a aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da PEC do quinquênio, que dá aumento salarial de 5% a cada cinco anos a várias categorias de servidores da área jurídica e, segundo o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), pode custar até 42 bilhões de reais por ano.
A PEC é de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que pode, agora, pautá-la para discussão e, depois, votação no plenário.
Há, ainda, a sessão do Congresso marcada para quinta-feira. Entre os vetos mais sensíveis para o Palácio do Planalto estão aqueles aos projetos da LDO e do Orçamento de 2024, incluindo, principalmente, a canetada de Lula que barrou 5,6 bilhões de reais em emendas parlamentares de comissão – que Lira quer derrubar.
Na base governista, a expectativa é de que o descontentamento do presidente da Câmara com o Planalto resulte em gestos para a oposição e bancadas temáticas, como a evangélica e a ruralista, mas sem mirar a pauta econômica.