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segunda-feira 8 de abril de 2024 às 20:29h

Líderes da Câmara veem poucas chances de PL das Fake News ser votado mesmo após polêmica com Musk

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Líderes partidários da Câmara, tanto do Centrão, quanto da esquerda, veem poucas chances de o projeto de lei das fake news ser votado no curto prazo. O debate voltou ao Congresso após o bilionário norte-americano Elon Musk ameaçar descumprir ordens do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relacionadas à suspensão de contas no X (antigo Twitter).

Dono da rede social, o magnata disse que poderia reativar perfis de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro que foram suspensos, por determinação do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido a discursos de ódio e antidemocráticos. O bilionário criticou Moraes e chegou a defender o impeachment do ministro, que também é o presidente da Corte eleitoral.

Em meio ao imbróglio, o relator do PL 2630 das fake news, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), disse neste domingo, 7, que pediria ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para incluir a proposta novamente na pauta. Houve tentativas de votação do texto em 2022 e 2023, mas, nas duas vezes, a pressão contrária das grandes empresas de tecnologia barrou o avanço.

Mesmo com o assunto de volta ao debate público, deputados avaliam que há pouco espaço para avanço no Legislativo. Uma liderança que preferiu não ser identificada declarou ao Estadão/Broadcast que retomar a discussão do PL é possível, mas colocar em pauta e aprovar depende de muita coisa porque o tema é complexo.

Nos próximos dias, após uma semana de recesso informal em que os parlamentares se dedicaram às filiações de vereadores em suas bases eleitorais, a Câmara terá de se debruçar sobre outra polêmica: a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), apontado pela Polícia Federal como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Como mostrou a Coluna do Estadão, o Centrão cogita um boicote à votação, e o assunto deve concentrar a atenção da Casa.

Neste domingo, 7, Moraes incluiu Musk no inquérito em andamento no STF que apura a atuação de milícias digitais. O ministro falou em “dolosa instrumentalização” da rede social diante da possibilidade de reativação de contas suspensas por ordem judicial. O magistrado também determinou a abertura de um inquérito contra o bilionário para apurar possíveis crimes de obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa e incitação ao crime.

Nas redes sociais, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que é preciso ter solidariedade com Moraes e defendeu que se vote “imediatamente” uma legislação para regulamentar a atuação de milícias digitais. O líder do PT na Casa, Odair Cunha (MG), afirmou que Musk reforça a estratégia da extrema direita mundial de, segundo ele, usar a liberdade de expressão para espalhar fake news e discursos de ódio com interesses financeiros, políticos e ideológicos. O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), também argumentou que a regulamentação das mídias digitais avance no Congresso.

Em abril do ano passado, a Câmara chegou a aprovar o regime de urgência para o projeto das fake news. Com esse dispositivo previsto no regimento interno da Casa, o texto poderia ir diretamente ao plenário, sem passar antes por análise em comissões, como é o habitual. A ideia era que as regras valessem nas eleições municipais de 2024. Mesmo assim, a votação foi adiada em maio, após uma série de negociações, diante da incerteza sobre a aprovação.

Na ocasião, Orlando Silva acusou as chamadas “big techs”, grandes empresas de tecnologia, de terem sabotado as discussões, com acusações de censura. O Google, por exemplo, chegou a pôr uma mensagem contra o projeto em sua página inicial. Lira chegou a dizer que o adiamento não “enterraria o projeto”, já que a proposta não foi derrotada no voto.

O texto de Orlando cria uma série de regras para a atuação das redes sociais. Em abril de 2022, antes das eleições presidenciais, Lira já havia se empenhado para aprovar a proposta, mas o regime de urgência, naquele momento, foi derrotado por apenas oito votos.

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