O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, negou segundo Hugo Marques, da Veja, um pedido de readmissão ao serviço público feira pelo ex-coordenador de contrainteligência da Abin, José Ribamar Reis Guimarães. Egresso do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), o agente foi demitido em 2016, durante o governo de Dilma Rousseff.
Em 2008, quando ocupava o cargo de coordenador, José Ribamar entregou à Polícia Federal uma lista com o nome de 61 agentes da Abin que participaram de uma operação clandestina da agência que investigou um banqueiro considerado à época como inimigo pelo PT. Lula estava em seu segundo mandato. O caso provocou um terremoto no governo e culminou com a demissão do diretor da Abin.
Anos depois, já no governo Dilma, a Controladoria Geral da União (CGU) recebeu uma denúncia anônima, informando que José Ribamar autorizou a locação de carros para missões oficiais de uma empresa que pertencia à sua família. O agente demonstrou no processo que tinha a autorização dos superiores para realizar os contratos, cujo objetivo era exatamente não deixar rastro de que os veículos eram usados pelos espiões — uma despiste.
A CGU encaminhou a denúncia à Secretaria-Geral da Presidência da República. O relatório final da auditoria concluiu que não havia evidências que permitissem confirmar a ocorrência de improbidade administrativa. Mesmo assim, foi instaurado um processo disciplinar contra o agente, que acabou demitido em 2016 pelo então secretário-geral da Presidência, o petista Ricardo Berzoini.
Desde então, o agente brigava na Justiça para tentar reverter a decisão. Na ação que tramitou na Justiça Federal, José diz que, nos 34 anos de serviços prestados à Abin, exerceu sua função com dedicação, correndo risco de vida, ficando às vezes por meses longe da esposa e dos filhos.
Ele também enumerou, ainda conforme a Veja, algumas das operações secretas das quais participou. Em uma delas, conta, se infiltrou entre traficantes no Polígono da Maconha, região que englobava uma parte de Pernambuco, Ceará e Bahia. Se apresentava como vendedor de sabonetes e com nome falso para investigar o crime organizado. Procurado pela revista, disse, por intermédio de um amigo, que quer apenas “sobreviver”.