Apesar de torcer o nariz para vendas de companhias brasileiras a estrangeiros, o governo Lula avalia que essa pode ser a única saída para a Avibras. A maior empresa privada de sistemas de defesa do País está em recuperação judicial, com dívidas de R$ 640 milhões. O sindicato dos metalúrgicos pressionava o governo federal pela estatização, mas a possibilidade é rechaçada até por petistas, que defendem aumento da participação do Estado na economia. Procurada, a Avibras não comentou.
Na avaliação do Palácio do Planalto, o melhor seria um investidor nacional assumir a Avibras, para evitar que um setor estratégico receba a influência de outros países. Mas já que ninguém manifestou essa vontade, a venda a uma empresa estrangeira tornou-se a solução possível. “A maior preocupação do governo é a empresa fechar”, afirmou à Coluna do Estadão o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), vice-líder do governo na Câmara, que acompanha de perto as discussões.
Após o “pacto de silêncio” sobre os 60 anos do golpe de 1964, a possível venda da Avibras tem o potencial de estremecer a relação do governo com os militares. A empresa é cara às Forças Armadas, que sempre pediram empenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conter o sucateamento do setor de defesa nacional.
Ainda no ano passado, o presidente determinou que os ministros José Múcio Monteiro (Defesa) e Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), que também é vice-presidente, buscassem juntos uma solução para a companhia.
Como revelou a Coluna do Estadão em julho, quatro representantes da Barzan Holdings, empresa do Catar, se reuniam com Múcio e manifestaram o interesse em investir na Avibras. No entanto, pouco se avançou.