Quase 60% dos senadores acreditam que o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia não sairá do papel. É o que mostra pesquisa feita pela consultoria Ranking dos Políticos, à qual a coluna do Estadão teve acesso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu o acordo em reunião com o presidente da França, Emmanuel Macron, na última quinta-feira (28) mas não obteve respaldo. Macron avalia que se trata de mau negócio para a agricultura francesa e afirma que as tratativas precisam incluir a descarbonização. Antes, no encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele chegou a dizer que seria loucura validar um texto com discussões de 20 anos atrás.
O levantamento indicou que o ceticismo também atingiu o Congresso.
- 57,1% dos senadores não acreditam que o acordo irá adiante;
- 19% acham que sairá somente depois de 2025;
- 14,3% avaliam que será concretizado em 2025;
- 9,5% creem que será fechado neste ano.
O cenário é semelhante na Câmara. A pesquisa revelou que, para 42,2% dos deputados, o acordo sequer será finalizado. Na avaliação de 22,5%, isso só ocorrerá após 2025. Outros 20,6%, porém, dizem acreditar que os dois blocos chegarão a um entendimento no ano que vem. Apenas 7,8% apostam na concretização do acordo até este ano.
Para esse grupo, a expectativa é a de que o acordo Mercosul-União Europeia, negociado há duas décadas, volte a ser discutido no segundo semestre, após as eleições para o Parlamento Europeu. No ano passado, as negociações quase foram concluídas, mas a resistência da França foi o principal entrave para barrar o acerto.
Sobre a pesquisa
A pesquisa da consultoria Ranking dos Políticos foi feita por meio de questionário estruturado, distribuído entre 102 deputados federais de 21 partidos e 21 senadores de 12 siglas, respeitando o critério da proporcionalidade partidária. A coleta de dados ocorreu entre os dias 18 e 20 de março.