Município brasileiro de Uberaba e Região Oeste, em Portugal, receberam reconhecimento da Unesco junto a outros 16 locais; lista de Geoparques Globais da Unesco totaliza 213 geoparques em 48 países.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, atribuiu o título de Geoparque Global a mais 18 novos locais, incluindo o município brasileiro de Uberaba e a Região Oeste de Portugal.
Da nova designação oficial anunciada em Paris, constam locais em países como China, Croácia, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Hungria e Polônia. A chancela vale por quatro anos na lista contendo 213 geoparques em 48 países.
Fragmentação
O município de Uberaba é ressaltado pelos marcos pré-históricos, que incluem as serras da Galga e Geral. As duas formações apresentam fluxos de lava de basalto que marcam eventos vulcânicos anteriores à fragmentação do supercontinente Gondwana e a abertura do Oceano Atlântico Sul.
Unesco fala de pioneirismo dos agricultores de Uberaba que introduziram a raça bovina Zebu no final do século 21
São cobertas as rochas sedimentares da Formação Botucatu, que abriga uma das maiores reservas de água doce do mundo. O aquífero que dá nome à região é derivado do antigo termo tupi Y-berab, que significa “água clara”.
Com o slogan “Terra dos Gigantes”, Uberaba tem uma riqueza de patrimônio paleontológico com “mais de 10 mil fósseis descobertos, incluindo dinossauros, crocodiliformes, tartarugas e uma infinidade de outras criaturas pré-históricas”.
Ao ser reconhecido pela Unesco, o município de Uberaba tornou-se o primeiro de Minas Gerais e o sexto do Brasil a obter a chancela atribuída desde 2015 em reconhecimento ao patrimônio geológico de importância internacional.
Desenvolvimento social, cultural e econômico
Uma dos fósseis pré-históricos em Uberaba é o Uberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro descoberto no Brasil, com 27 metros de comprimento e 10 metros de altura.
Outro elemento de destaque é o desenvolvimento social, cultural e econômico da região, atribuído especialmente ao pioneirismo dos agricultores locais que introduziram a raça bovina Zebu no final do século 21.
Para a Unesco, essa prática revolucionou o mercado pecuário brasileiro, mas também é uma referência internacional para a baixa emissão de CO2 pela pecuária.
Geoparque Oeste em Portugal
A Região Oeste de Portugal passa a ostentar o título de Geoparque Global pelas camadas geológicas que datam do final do Período Triássico, há cerca de 230 milhões de anos. Elas se estendem até ao Holoceno, desde há 11.700 anos, uma época que assistiu à abertura do Oceano Atlântico Norte.
Linha costeira no centro-oeste português envolve 72 km da região atlântica
Atualmente a linha da costa “desempenha um papel crucial no sustento das comunidades locais através da pesca, com vários pequenos portos”. Um dos exemplos é o ofício único da renda de bilro de Peniche, uma técnica têxtil que era tradicionalmente praticada pelas esposas dos pescadores.
A linha costeira no centro-oeste português envolve 72 km da região atlântica, com mais de 15 km de praias arenosas. Na riqueza do Geoparque Oeste destaca-se a herança paleontológica com mais de 180 sítios fósseis, incluindo restos de 12 espécies distintas de dinossauros.
Ninhos de dinossauros fossilizados
O local tem ninhos de dinossauros fossilizados com embriões, dos quais existem apenas 12 em todo o mundo.
Para a Unesco, os geoparques são uma herança que serve às comunidades locais. A agência faz a divulgação pública defendendo uma abordagem sustentável dada por estes locais ao desenvolvimento.
A Unesco destaca ainda que seguirá com a promoção do conceito de geoparques em regiões onde estes são menos comuns, nomeadamente África, Estados Árabes e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento.
Uma das principais operações é a facilitação da presença de especialistas, sessões de capacitação personalizadas e consultas individuais em escala nacional e local, para orientar a preparação de candidaturas ao status de Geoparques Globais.