A Força Aérea Brasileira (FAB) escreve uma nova página em sua história com a ascensão de uma mulher ao posto de comando de sua maior aeronave cargueira. A trajetória das aviadoras na FAB, antes marcada pela ausência, hoje brilha com presenças inspiradoras. Desde 2003, quando as primeiras mulheres pilotaram um avião na instituição, a evolução foi notável.
A protagonista de hoje, Capitão Aviadora Jeciane Ribeiro de Lima Victório, personifica essa evolução ao se tornar a primeira mulher a pilotar o KC-390 Millennium, uma joia da Embraer, e o maior avião cargueiro da FAB. “Nunca imaginei, ao menos no curto prazo, alcançar tal feito”, revela a Capitão Jeciane, aos 32 anos, sobre sua histórica conquista. Segue a entrevista exclusiva com essa pioneira dos ares.
A única mulher a pilotar a maior aeronave militar fabricada no Brasil
A surpresa ainda ecoa para Jeciane ao refletir sobre sua posição única: a única mulher a pilotar a maior aeronave militar fabricada no Brasil. “Ainda estou processando essa realidade”, admite. Seu treinamento abrangente, passando por simuladores em São José dos Campos, na Bélgica, na Indonésia, em Manaus, e em Curitiba, não apenas aprimorou suas habilidades técnicas mas também a preparou para enfrentar emergências com destreza.
Ela enxerga essa conquista não apenas como um projeto pessoal, mas como um farol de possibilidades para outras mulheres. “Espero inspirar outras mulheres a perseguirem seus sonhos, demonstrando que alcançar tal posição é, de fato, possível”, diz ela.
A possibilidade de voar para a Antártica
Jeciane enfrenta desafios cotidianos que moldam sua experiência na FAB. A imprevisibilidade de sua agenda, exigindo disponibilidade para missões de um dia para o outro, é um desses desafios. “Aprendi a abraçar essa incerteza com leveza”, compartilha. Essa dinâmica oferece, no entanto, a oportunidade de explorar novos lugares e reencontrar amigos, um aspecto valorizado por ela na carreira militar.
Olhando para o futuro, Jeciane se sente imensamente grata pela posição que ocupa e sonha com novos horizontes, incluindo a possibilidade de voar para a Antártica. “Continuo me dedicando diariamente para ser uma pessoa e profissional melhor”, afirma. Sua jornada na aviação militar começou influenciada pela paixão de seu pai por temas militares e pelo legado familiar de seu avô no Exército.
Especializada em aviação de transporte, ela explorou diversos esquadrões e aeronaves, desde o C-95 Bandeirante até o C-130 Hércules
O ingresso de Jeciane na FAB foi um marco em sua vida, escolhendo a AFA para sua formação após descobrir as limitações de gênero em outras instituições militares. Seu compromisso com seu sonho foi inabalável, mesmo diante de obstáculos iniciais. “Resiliência é chave”, ela ressalta, enfatizando a importância do apoio familiar e da determinação pessoal em perseguir seus sonhos.
Nascida em Campo Grande (MS), a Capitão Jeciane traçou um caminho distinto na FAB desde sua entrada na AFA em 2012. Especializando-se em aviação de transporte após graduar-se, ela explorou diversos esquadrões e aeronaves, desde o C-95 Bandeirante até o C-130 Hércules.
Em 2024, ela alcançou a distinção de ser a primeira mulher a pilotar o avançado KC-390, marcando seu nome na história da aviação militar brasileira. Além de sua carreira, Jeciane também se dedica aos estudos de psicologia, equilibrando sua paixão pelo voo com o interesse pelo desenvolvimento humano.
Presença de mulheres em cargos de alta responsabilidade na FAB
Este marco na carreira de Jeciane não é apenas uma conquista pessoal, mas um avanço significativo para a representatividade feminina na Força Aérea Brasileira. A presença de mulheres em cargos de alta responsabilidade na FAB, como o comando de uma aeronave do calibre do KC-390 Millennium, sinaliza um futuro de oportunidades crescentes e de quebra de barreiras para as mulheres no setor militar. A Capitão Jeciane, através de sua dedicação, talento e pioneirismo, transforma-se em uma fonte de inspiração para muitas que sonham em seguir seus passos.
Desde seus primeiros anos, influenciada pela admiração de seu pai por temas militares e pelo apoio de seu avô, um veterano do Exército, Jeciane cultivou o sonho de fazer parte da Força Aérea. Sua trajetória reflete a importância do apoio familiar e da persistência na busca pelos próprios sonhos, uma mensagem que ressoa com todos que enfrentam obstáculos em seus caminhos.