Começou nesta quarta-feira (20) e vai até a próxima sexta-feira (22), o evento de lançamento do projeto “Sisteminhas Comunidades: Povos e Comunidades Tradicionais”. A iniciativa é objeto do Termo de Execução Descentralizada (TED) entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Embrapa Cocais e representa um marco para o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar de comunidades tradicionais no Brasil .
“A parceria visa garantir a implantação do Projeto Sisteminha Comunidades: Fortalecendo a Segurança Alimentar e a Sustentabilidade em Territórios Tradicionais do Brasil. O objetivo principal é criar um sistema agrícola diversificado e equilibrado, aproveitando recursos locais para atender às necessidades das comunidades tradicionais em situação de insegurança alimentar e nutricional” explica Edmilton Cerqueira, secretário de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais (SETEQ/MDA).
Segundo a Embrapa, s erá dada ênfase na produção de peixes, ovos e vegetais como a macaxeira, milho, abóbora, batata doce, inhame, feijão, melancia e olerícolas, entre outros, visando promover a segurança alimentar e nutricional das famílias beneficiadas. Essa abordagem visa promover a estabilidade e sustentabilidade da atividade produtiva, garantindo resultados duradouros.
O projeto irá implantar mil unidades do Sisteminhas em territórios de Povos e Comunidades Tradicionais – PCTs do Brasil. Serão atendidas as cinco regiões do país, sendo que na região Nordeste já existe uma estrutura técnico-logística em cinco estados onde a iniciativa já foi implementada anteriormente nos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Piauí.
No TED formalizado em 2023, prevê o repasse de R$ 13.588.640 para a execução do projeto ao longo de 24 meses. As unidades serão instaladas em territórios indígenas, quilombolas e de povos e comunidades tradicionais. O projeto promoverá a geração de renda e autonomia produtiva de mil famílias por meio da produção de alimentos diversificados e da comercialização dos excedentes.
O projeto priorizará a participação das mulheres, fomentando o protagonismo durante toda a execução, contribuindo com a inclusão produtiva de 500 mulheres. Serão confeccionadas duas miniestações piloto/experimentais de reprodução de tilápias com planejamento e execução participativos.
Lançamento e estruturação
No primeiro dia do evento, será realizada a apresentação da tecnologia social com ênfase nas experiências prévias em quilombos, territórios indígenas, comunidades diversas e zonas urbanas e periurbanas e será debatido o tema “Estratégias de Rede e Colaboração para o Fortalecimento do Sisteminha Comunidades: Promovendo Diversidade Regional e Desenvolvimento Comunitário”.
Edmilton Cerqueira, secretário nacional de territórios e sistemas produtivos quilombolas e tradicionais, do MDA, vai realizar a palestra “Estruturação e Fortalecimento da Rede de Apoio ao Sisteminha Comunidades”. Em seguida, Marco Bomfim, chefe-geral da Embrapa Cocais, vai falar sobre “Sinergias e Desafios na Implementação de Redes para o Sisteminha Comunidades”
No segundo dia do evento, o tema central será a Implementação do Sisteminha Comunidades em novas comunidades, que será detalhado em palestras. Serão discutidas estratégias para expansão e superação de obstáculos em diversos contextos, adaptação cultural e engajamento comunitário, capacitação de líderes e educação continuada e integração de jovens. Outros grandes temas a serem tratados são “Fortalecimento de parcerias institucionais e inovação”, “Tecnologia e acesso digital para gestão do Sisteminha ” e “Sustentabilidade e práticas agrícolas sustentáveis”.
Tecnologia social
O Sisteminha Comunidades constitui uma inovação significativa na produção de alimentos, direcionada especificamente para comunidades indígenas, quilombolas, e outros grupos tradicionais no território nacional. Segundo Luiz Carlos Guilherme, ultrapassa a mera produção agrícola, incorporando uma abordagem holística e ecossistêmica que se alinha às vidas e às culturas das comunidades locais, visando combater a fome, promover o bem-estar, a resiliência, e a sustentabilidade.
Isso por que, diferentemente de modelos agrícolas convencionais, o Sisteminha Comunidades adota uma metodologia integrada que envolve a disposição sinérgica de 15 módulos de produção miniaturizados – incluindo peixes, aves, suínos, minhocas, abelhas, biodigestores, entre outros. Essa estratégia não somente produz alimentos de forma sustentável, mas também contribui para a melhoria do solo, qualidade da água, e biodiversidade. Além disso, o projeto facilita o acesso a insumos de alta qualidade e produtividade, combinando práticas tradicionais com tecnologia avançada para assegurar segurança alimentar e nutricional.
A tecnologia tem abordagem integrada, destacando-se por sua diversidade e flexibilidade, alinhando-se diretamente com várias ODS das Nações Unidas, como a erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem-estar, igualdade de gênero, água limpa e saneamento, redução das desigualdades, e consumo e produção responsáveis, além de aderir aos critérios ESG.