O PL sabe muito bem o que fez quando indicou a deputada Caroline De Toni para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. A parlamentar já revelou seu principal projeto para o colegiado mais importante do parlamento: a anistia de Jair Bolsonaro.
Em entrevista à Veja na sexta-feira (8), Caroline De Toni mostrou toda sua admiração pelo ex-presidente: “Basta ver a última manifestação que Bolsonaro pediu apoio à população na Paulista. Acredito que foi próximo a 1 milhão de pessoas lá. É impressionante como o bolsonarismo está vivo e forte”.
Depois, afirmou ainda segundo Matheus Leitão, da Veja, que não fugirá de pautas polêmicas que a direita tem como bandeira, como a que estipula mandatos para ministros do Supremo. “São projetos que podem ser discutidos sim, não vejo problema nenhum”, disse, nesse aspecto com toda razão.
Mas segundo também declarou à imprensa, “há exageros” em relação a Bolsonaro. “Se enxergar que tem a oportunidade de ele ser anistiado, com certeza. Ele está sendo acusado de muitas coisas que nós entendemos que há exagero. Havendo conveniência e a oportunidade de pautar [projetos de anistia] e incluí-lo não vejo por que não”, disse a deputada à jornalista Victoria Azevedo.
Bolsonaro é investigado. Nem foi indiciado pela Polícia Federal ainda por sua tentativa de golpe – investigação com provas robustas de sua participação, como revela mais uma vez VEJA nesta semana.
Mas, antes de qualquer julgamento, já estão querendo o que? A anistia para o líder da extrema-direita.
O fato de a deputada ter conseguido a estratégica presidência da CCJ não dá qualquer garantia de que algum projeto nesse sentido avance. Quem conhece a Câmara sabe muito bem disso.
O efeito pode ser até o reverso.
Até porque, chama a atenção que Bolsonaro alegue inocência em tudo e qualquer ação, mas a direita se apresse tanto assim em pedir anistia, a começar pelo discurso feito por ele mesmo na Avenida Paulista.
Caroline de Toni vai tentar atrapalhar bastante o governo Lula, e talvez consiga em várias matérias. Mas o que ela quer mesmo… o país já sabe e é bem difícil que prospere – apesar de não ser impossível.
Afinal, o Brasil é o Brasil.