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terça-feira 27 de fevereiro de 2024 às 10:56h

Presidente da França diz que envio de tropas para a Ucrânia “não está excluído”

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O presidente francês, Emmanuel Macron, revelou na noite desta última segunda-feira (26) que não descarta que tropas ocidentais lutem no terreno na Ucrânia, mas admitiu que não houve consenso nesta matéria numa reunião de cerca de duas dezenas de líderes europeus em Paris, convocada pelo próprio Macron.

“Não há consenso para apoiar oficialmente tropas no terreno. Dito isto, nada deve ser excluído. Faremos tudo o que pudermos para garantirmos que a Rússia não prevalece”, afiançou.

Foi a primeira vez que se abriu a discussão sobre se os Estados deverão fornecer tropas para apoiar o cada vez mais desfalcado exército ucraniano. “Tudo foi discutido de forma muito direta e aberta”, garantiu Macron.

Falando no final da reunião, onde também esteve presente o primeiro-ministro português, António Costa, Macron avisou que há uma mudança na posição da Rússia e que Moscovo está a tentar conquistar mais território, com os olhos não só na Ucrânia mas também noutros países. “A Rússia apresenta um grande perigo”, sublinhou o presidente francês.

Na reunião convocada por Macron estiveram ainda o chanceler alemão Olaf Scholz, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, o presidente polaco, Andrzej Duda, ou o primeiro-ministro neerlandês, bem como representantes dos Estados Unidos e Canadá.

A presidência francesa quis galvanizar os ânimos ocidentais e sensibilizar para a necessidade de apoio à Ucrânia, respondendo à crescente ameaça de Putin.

Construir um pilar de defesa europeu

A reunião da noite de segunda-feira focou-se em cinco grandes áreas chave: a ciberdefesa, a produção conjunta de munições e armamento na Ucrânia, a defesa dos países diretamente ameaçados pela Rússia – como a Moldávia -, a maior proteção para a Ucrânia na fronteira com a Bielorrússia e a desminagem do território ucraniano.

Segundo a imprensa internacional, Macron defendeu que derrotar a Rússia de Putin é essencial para a paz e segurança da Europa, sublinhando que é necessário passar das palavras atos e tomar decisões que permitam construir um pilar de defesa europeu independente dos Estados Unidos.

Questionado sobre a possibilidade de continuar a apoiar a Ucrânia no contexto das eleições presidenciais nos Estados Unidos da América, no próximo mês de novembro, Macron disse que não é possível depender do resultado eleitoral norte-americano. “É o futuro da Europa que está aqui em causa, portanto cabe aos europeus decidirem. Se outros quiserem juntar-se e ajudar, fantástico, mas isso é apenas um bónus”, frisou Macron.

O presidente francês insistiu ainda que Moscovo é o “único agressor” e instigador da guerra na Ucrânia, ressalvando que a Europa não está, porém, em guerra com o povo russo. “A Rússia está agora claramente a afetar a nossa própria segurança através tanto da guerra tradicional como da guerra híbrida”, declarou.

Macron admitiu ainda o falhanço da União Europeia, que prometera fornecer à Ucrânia um milhão de munições, e garantiu que a principal prioridade é colmatar esta escassez, acrescentando que os países europeus têm margem de manobra para aumentar a produção na Europa e também para comprar munições fora do continente europeu – uma proposta que foi avançada pelos checos.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, contribuiu para a reunião através de vídeochamada, pedindo aos governantes em Paris que garantam que Putin “não destrói aquilo que alcançámos e que não consegue expandir a sua agressão a outras nações”.

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