A Stellantis ainda não anunciou o novo ciclo de investimentos bilionário que viabilizará o lançamento dos seus primeiros carros híbridos flex do mundo, todos fabricados no Brasil. Isso poderá acontecer ainda em fevereiro, mas não está impedindo o desenvolvimento das novas tecnologias que, inclusive, dependerão de componentes nacionais.
A mecânica híbrida flex, mais especificamente a chamada Bio-Hybrid e-DCT, será um dos motivos para mudanças radicais na gama de versões do Jeep Compass 2025.
O novo ano-modelo do SUV médio da Jeep começará a ser lançado já em abril. Uma das novidades do Compass 2025 será a estreia do motor 2.0 turbo Hurricane-4, de 272 cv e 46,9 kgfm. Este motor é oferecido nas versões mais caras da Ram Rampage e continuará combinado ao câmbio automático de nove marchas e à tração 4×4 permanente.
Duas versões terão o motor mais potente: o esportivado Compass Blackhawk e o luxuoso Compass Overland. As duas novas versões entrariam no meio dos atuais Compass a diesel,. custando algo em torno de R$ 265.000 (ou até mais). Mas a Jeep não está nem um pouco preocupada com canibalização.
Informações exclusivas publicadas por
, da revista Quatro Rodas, antecipam que os Jeep Compass com motor 2.0 turbodiesel estão saindo de linha em 2024, seguindo os passos do Jeep Renegade que abandonou o motor diesel em 2022.Além do impacto do preço do diesel, a diferença de preço de versões a diesel e a gasolina do Compass supera os R$ 40.000, tornando a opção menos atrativa financeiramente, considerando o custo-benefício e o retorno sobre o investimento em longo prazo. Isso sem contar que, hoje, os Compass 1.3 turbo são mais rápidos que os com motor diesel. E os 2.0 a gasolina serão ainda mais rápidos e poderão atender quem demanda tração 4×4.
Os Jeep Compass com motor 1.3 turbo também terão novidades. De acordo com o site Autos Segredos, o Jeep Compass híbrido flex será lançado no segundo semestre de 2024. Será o primeiro carro híbrido fabricado em Goiana (PE).
Essa mecânica é chamada de Bio-Hybrid e-DCT e depende do motor-gerador de 20 cv que trabalha com arquitetura elétrica 48V. Esse motor vai dentro do câmbio automatizado de dupla embreagem chamado de e-DCT.
O câmbio em questão é 7HDT300, fornecido pela Magna e usado nos Jeep Compass e Renegade E-Hybrid e também no Fiat 500X na Europa. Será responsável por substituir o câmbio automático de seis marchas nas versões híbridas.
A diferença para sistemas híbridos leves é que esse motor elétrico pode mover o carro em marcha ré ou condução em marcha lenta ou no trânsito, além de dar a partida no motor a combustão. A alimentação vem de uma bateria de 1 kWh, que é recarregada em desacelerações e frenagens, dispensando o uso de carregadores externos.
Outra particularidade dessa transmissão é que esse câmbio tem um sistema de arrefecimento independente e sob demanda para as embreagens e o motor elétrico, com um único circuito de óleo para resfriamento e lubrificação, o que o torna mais eficiente. Cabe a um sistema de gestão eletrônica coordenar a operação do motor turboflex e dos motores elétricos da forma mais eficiente possível.
Além do mais, os Jeep Compass Bio-Hybrid e-DCT continuarão com o motor T270, o 1.3 GSE Turbo Flex que hoje rende 185 cv com etanol. A grande sacada é poder compensar as emissões usando etanol. Na Europa, os carros com essa mecânica eletrificada usam o motor 1.5 GSE Turbo que trabalha em ciclo Miller e não existe por aqui.
O Jeep Compass Bio-Hybrid e-DCT terá oferta restrita no início, mas ajudará a Jeep a reduzir sua média de emissões nos próximos anos, com a entrada em vigor do Proconve L8 em 1° de janeiro de 2025. Também será responsável por enterrar o Jeep Compass 4XE, versão híbrida plug-in importada da Itália, que encalhou nas concessionárias.
Ainda de acordo com o Autos Segredos, existe a possibilidade do Jeep Compass 1.3 turboflex ganhar opção de tração 4×4 combinada ao câmbio automático de nove marchas. Na prática, seria a mesma mecânica dos Jeep Renegade 4×4 atuais.
Híbridos fabricados em Pernambuco
Em teoria, todos os carros baseados na plataforma Small Wide poderão receber a mecânica Bio-Hybrid e-DCT, desde que faça sentido para a Stellantis. No Brasil, carros com essa plataforma são fabricados apenas na unidade de Goiana (PE). São eles: Jeep Renegade, Compass e Commander e as picapes Fiat Toro e Ram Rampage.
Nesta semana, o presidente da Stellantis para a América do Sul, Emanuele Cappellano, se encontrou com a Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, e adiantou que a empresa anunciará em breve um novo investimento na fábrica de Goiana (PE). Esse é o aporte que vai garantir o lançamento dos Jeep Compass híbridos nacionais.
“O plano que anunciaremos levará a Stellantis a um novo patamar. Avançaremos como protagonistas da mobilidade segura, sustentável e acessível, gerando desenvolvimento e riqueza para a região e todo o país”, disse Cappellano durante o encontro.
De acordo com a Stellantis, o novo ciclo de investimentos inclui novos produtos e serviços, e a expansão da cadeia de fornecedores para o desenvolvimento e localização de novas tecnologias para acelerar a descarbonização da mobilidade. A fábrica de Goiana foi inaugurada em 2015 e desde então já gerou mais de 60.000 empregos, quando somada a cadeia de fornecedores.
E os fornecedores locais serão estratégicos para a “descarbonização” de todas as marcas da Stellantis. A empresa chama de Bio-Hybrid as plataformas que está desenvolvendo para fabricar carros híbridos flex no Brasil e a nacionalização dos principais componentes do sistema elétrico, como motores elétricos e baterias, é parte inegociável do projeto. É o que vai garantir volume de produção.
A Fiat também terá carros híbridos nacionais em 2024, começando pelos Pulse e Fastback fabricados em Betim (MG). A Citroën também: seu SUV cupê, ainda chamado de C3 X, poderá estrear com o motor 1.0 turbo eletrificado. Os modelos citados, porém, terão sistema híbrido leve, com o motor T200 assistido por um motor-gerador de 12v.