O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou à sede da Polícia Federal em Brasília nesta quinta-feira (22) para ser ouvido na investigação que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. A tendência é a de que Bolsonaro fique calado (leia mais aqui).
Além do ex-presidente, outros investigados compareceram para prestar depoimento. Entre eles, o ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente, Walter Souza Braga Netto; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier.
Por estratégia da PF, todos investigados devem depor ao mesmo tempo. Assim, a polícia quer evitar que haja combinação de versões.
Os depoimentos fazem parte da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF há duas semanas. De acordo com as investigações, Bolsonaro e aliados se organizaram para tentar um golpe de Estado e mantê-lo no poder, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Parte da investigação envolve a realização de uma reunião ministerial em 5 de julho de 2022. Nela, Bolsonaro diz a ministros que eles não poderiam esperar o resultado da eleição para agir. Os advogados do presidente afirmam, no entanto, que ex-presidente nunca pensou em golpe.
Também foram chamados a depor:
Augusto Heleno (general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
Marcelo Costa Câmara (coronel do Exército)
Mário Fernandes (ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência)
Tércio Arnaud (ex-assessor de Bolsonaro)
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
Cleverson Ney Magalhães (coronel do Exército)
Bernardo Romão Correia Neto (coronel do Exército)
Bernardo Ferreira de Araújo Júnior.
Ronald Ferreira de Araújo Junior (oficial do Exército)
Além disso, foram marcados depoimentos em outras cidades do país:
Rio de Janeiro: Hélio Ferreira Lima, Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Ailton Gonçalves Moraes de Barros e Rafael Martins Oliveira;
São Paulo: Amauri Feres Saad e José Eduardo de Oliveira;
Paraná: Filipe Garcia Martins;
Minas Gerais: Éder Balbino;
Mato Grosso do Sul: Laércio Virgílio;
Espírito Santo: Ângelo Martins Denicoli;
Ceará: Estevam Theophilo (esse depoimento é o único marcado para sexta-feira).
Bolsonaro deverá ficar calado
De acordo com a defesa do ex-presidente, ele deverá ficar calado no depoimento. Nos últimos dias, os advogados pediram duas vezes acesso aos autos da investigação.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou o acesso aos mandados da operação.
Os advogados do ex-presidente pediram, então, acesso às mídias digitais, como telefones, computadores e a delação do ex-ajudante ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, mas Moraes não autorizou.
Foi quando a defesa disse que o ex-presidente não iria falar à PF e entrou com pedido para adiar o depoimento, mas Moraes negou.
Nesta quarta, a defesa solicitou novamente acesso ao conteúdo das mídias. A alegação é de que é necessário “garantir a paridade de armas no procedimento investigativo”.