É uma voz aguda, quase estridente quando nervoso, que ganhou a confiança da equipe econômica do governo e o respeito da família de Jair Bolsonaro
Aos 33 anos, o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) – um descendente de europeus do interior do Rio Grande do Sul, de 1m72 de altura e corpo franzino – tem se destacado numa bancada de novatos e provocado ciúmes na cúpula do PSL, o partido do presidente, e a desconfiança dos líderes do Centrão. Com passagens pela Câmara de Vereadores de Dois Irmãos, uma cidade de 30 mil habitantes, e pela Assembleia gaúcha, numa vaga de suplente, Van Hattem marcou sua curta trajetória política pela defesa ferrenha de causas ideológicas, como o Escola sem Partido.
Ao colocar o broche de deputado federal, porém, ele deixou de lado os discursos influenciados pelo escritor Olavo de Carvalho – de quem foi aluno –, foi escolhido líder do Novo e focou logo na agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes. Em poucas semanas, já trocava mensagens diárias por WhatsApp e telefonemas com o secretário da Previdência, Rogério Marinho, e participava de momentos privados do clã Bolsonaro. “Marcel é uma das gratas surpresas dessa Legislatura”, afirmou Marinho ao Estado.
“Ele ajuda buscando dados, medindo a temperatura e fazendo a interlocução com os partidos.” No último dia 13, um domingo, o também deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, convidou Van Hattem para um churrasco em Porto Alegre. O encontro foi na casa da família da noiva de Eduardo. O churrasco teve até registro no Instagram do filho do presidente. “Churrasco bagual, chimas e resenha em Porto (Alegre) com a gurizada e o Marcel van Hattem. As prendas estavam lá, mas não saíram na foto. Mesmo aí adivinhe qual era o assunto? Sim, política”, escreveu o deputado do PSL na rede social.
À reportagem, Van Hattem disse que o “respeito é mútuo”. “Temos muita coisa em comum.” Eduardo Bolsonaro evitou falar com a reportagem. Num corredor da Câmara, o Estado presenciou o filho do presidente elogiando Van Hattem – que era um dos colegas mais próximos dele na Casa. No comando da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Eduardo o escolheu para o posto de segundo-vice presidente, vaga que seria do PSL.