Em viagem oficial ao Egito e à Etiópia, o presidente brasileiro Lula da Silva (PT) tratará, entre outros temas e agendas do governo, dos três eixos da presidência brasileira do G20: combate à fome e à pobreza, transição energética e reforma da governança global.
Uma das missões é obter apoio dos países africanos para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, durante a 37ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), que será realizada em Adis Abeba, capital da Etiópia e sede da UA, nos dias 17 e 18 de fevereiro. A União Africana estreia este ano como membro efetivo do G20, admissão que foi feita durante a última Cúpula de Líderes realizada em novembro do ano passado em Nova Délhi, na Índia.
“Os países do G20 aceitaram debater essa Aliança Global e que, uma vez lançada, tivesse uma plataforma que permitisse a participação de outros países. Este momento dá ao Brasil a oportunidade de colocar no centro da agenda a erradicação da fome, a diminuição da pobreza e da desigualdade, aliadas à preservação do meio ambiente e à uma nova governança global”, afirmou Wellington Dias, ministro brasileiro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, que integra a comitiva do presidente Lula.
O presidente Lula participa da abertura do encontro dos líderes africanos. Será a terceira vez que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de uma Cúpula da União Africana. Em 2009, o Presidente discursou na 13ª Cúpula, realizada em Sirte, na Líbia. Em 2011, participou como enviado especial da ex-Presidente Dilma Rousseff. Também estão previstas na Cúpula da União Africana as presenças de António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, e Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina.
Além do endosso dos países africanos à Aliança Global, o presidente brasileiro deve levar à Cúpula da UA o debate sobre a reforma da governança global, outra prioridade proposta pela presidência brasileira do G20. Também terá destaque na pauta, a cooperação para o desenvolvimento, fortalecimento das relações comerciais e facilitação de acordos de investimento entre os países, com foco no diálogo entre governos e potenciais investidores. O intercâmbio comercial total do Brasil com países africanos foi de 20,4 bilhões de dólares, sendo 13,2 bilhões de dólares de exportações brasileiras, com saldo de 6 bilhões de dólares.
Agenda afinada
O embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário de África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, destacou que a reunião de líderes da União Africana, mesmo restrita aos países do bloco, abriu exceção para a participação do presidente Lula. Na avaliação de Duarte, a movimentação acontece em reconhecimento às agendas comuns entre o Brasil e os países do continente.
“Há coincidências das agendas africana e brasileira em relação a uma série de questões como as três grandes prioridades da presidência brasileira G20: inclusão social, combate à fome e à pobreza; sustentabilidade e transição energética e a maior participação de países em desenvolvimento nas decisões dos organismos internacionais. Essas coincidências são relevantes para o presidente atender o convite”, frisou Duarte.
Centenário da cooperação bilateral
A visita de Lula ao Egito, nos dias 14 e 15 de fevereiro, tem como contexto o relançamento da política externa brasileira para a África e celebra os 100 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, que é membro do Brics. Um dos maiores parceiros comerciais do país na África, em 2023, as relações comerciais entre os países atingiram 2,8 bilhões de dólares, inferior somente ao da Argélia, que registrou 4,2 bilhões de dólares no ano passado.
Parceiro-chave do Brasil no continente e no mundo árabe, o Egito tem dado apoio essencial às operações de evacuação de brasileiros da Faixa de Gaza. No país, o governo brasileiro quer discutir como melhorar os acordos para o comércio bilateral com a abertura do mercado egípcio ao pescado brasileiro e à carne bovina. Também estão na pauta a facilitação de investimentos nos setores de aviação civil, defesa e a cooperação técnica para a pesquisa agropecuária e em tecnologia e inovação.