Tropas israelenses entraram no Complexo Médico Nasser, o maior hospital de Khan Younis, no sul de Gaza, nesta quinta-feira. No local estavam abrigados milhares de palestinos deslocados, e um paciente do departamento ortopédico morreu no ataque, anunciou Ashraf al-Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde do enclave. O Exército de Israel afirmou que a operação é “precisa e limitada”, direcionada contra o grupo terrorista Hamas, que teria se escondido no hospital entre civis feridos.
Porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), Daniel Hagari disse ter “informações confiáveis de uma série de fontes, inclusive de reféns libertados”, de que o Hamas já havia mantido reféns no hospital, e que os corpos dos sequestrados poderiam estar no local. Os militares, no entanto, não divulgaram as evidências. Al-Qudra declarou que “a ocupação israelense” invadiu o hospital e o transformou num “quartel militar”, e que “muitas” pessoas ficaram feridas na ofensiva.
Segundo as FDI, “vários suspeitos” foram detidos na operação, que também visava encontrar agentes do Hamas, incluindo os suspeitos de envolvimento no ataque de 7 de outubro a Israel. O órgão pontuou que entrou em contato com o diretor do hospital na terça-feira, quando pediu a cessação imediata de todas as “atividades terroristas dentro do hospital”, bem como a “evacuação imediata de todos os terroristas”.
Conforme publicado pela BBC, mensagens de uma enfermeira do hospital invadido detalharam a situação no local antes da comunicação ser cortada. Ela escreveu: “Os soldados israelenses chegaram ao segundo andar do prédio de emergência do Complexo Médico e chamaram todos os que estavam nos andares superiores, incluindo médicos e enfermeiros, para descerem para os andares inferiores. Eles soltaram um grande número de cães, que se espalharam pelos departamentos, prédios e pátios do hospital. O complexo foi completamente invadido”.
Centenas de palestinos começaram a fugir do hospital já nesta quarta-feira, quando as FDI ordenaram a evacuação das pessoas que estavam se abrigando no local. O Exército, contudo, indicou que não havia pedido que pacientes e médicos saíssem. Os civis frequentemente recorrem aos hospitais em busca de abrigo durante a guerra, pensando que estarão mais seguros. As unidades, porém, têm sido um foco para o Exército israelense, que afirma que o Hamas as utiliza para operações militares.
Mohammed Abu Lehya, um médico da unidade, disse nesta quarta-feira que os pacientes estavam “aterrorizados” com a possibilidade do complexo hospitalar ser bombardeado. A professora de inglês Hanin Abu Tiba, de 27 anos, estava abrigada no hospital. Ela descreveu condições precárias no local, com a comida acabando e comboios de ajuda quase impossibilitados de entregar suprimentos. Durante a noite, ela contou ter visto um veículo militar israelense do lado de fora do portão.
— Estou com medo de sair do hospital e ser baleada — disse ela. — [Mas dentro do complexo] a eletricidade está acabando, assim como a água, e os alimentos enlatados estão quase no fim. Não sabemos o que fazer.