O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou nesta quarta-feira os venezuelanos a desenhar “um grande plano de mudança” nos próximos dias 4 e 5 de maio, na esteira da tentativa de um levante contra ele liderada pelo presidente da Assembleia Nacional Juan Guaidó na véspera.
Em discurso durante evento de comemoração do Dia do Trabalhador na capital Caracas, Maduro afirmou que a proposta inclui o Congresso — sem especificar se a Assembleia Nacional Constituinte liderada por seu aliado Diosdado Cabello, ou a Assembleia Nacional controlada pela oposição e presidida por Guaidó —, seu partido e os governadores locais.
— Todos os dias penso como podemos melhorar, que coisas temos que mudar, que estamos fazendo mal — disse. — Quero convocar uma grande jornada de diálogo e propostas para que digam a este governo o quê que tem que ser mudado.
Maduro também voltou a celebrar o que classifica como “vitória” contra “golpistas” nos comflitos desta terça-feira, felicitando seus apoiadores pelo “dia que a classe operária derrotou novamente um golpe de Estado”.
— Não puderam com (Hugo) Chávez (falecido líder venezuelano) e tampouco puderam conosco — afirmou Maduro sobre o que disse ser um “complô” da direita para derrubá-lo. — Eles esqueceram que há uma poderosa união cívico-militar que não se enfraqueceu.
O presidente da Venezuela também informou que “a Justiça está buscando” os militares que supostamente participaram a operação de libertação do líder opositor Leopoldo López de prisão domiciliar no início do levante na madrugada desta terça-feira e apoiaram a ação de Guaidó, também não poupando críticas aos governos de Chile e Espanha por terem sucessivamente abrigado López em suas embaixadas diante do fracasso do movimento.
Eles acreditavam que a seu chamado iam chegar 100 mil 200 mil e até 300 mil pessoas, e o que lhes sobrou foi retirarem-se, fugirem e se refugiarem em embaixadas de países governados pela direita — disse.
Sem fazer referência direta à repressão do levante pelas Forças Armadas que só na terça-feira deixou 119 detidos, 109 feridos e um morto, nem às imagens de blindados atropelando manifestantes, Maduro disse que evitou um massacre que daria ao governo dos EUA a desculpa para invadir o país:
— Se eu tivesse mandado tanques para enfrentar este punhado de golpistas, o que teria acontecido? Um massacre entre venezuelanos e, em Washington, teriam celebrado e ordenado uma invasão militar.
Enquanto Maduro discursava, Guaidó publicava em sua conta no Twitter imagens da repressão aos manifestantes nesta quarta-feira, que de acordo com a agência de notícias AFP deixou ao menos 27 feridos, tendo como alvo muitos jornalistas, denunciou Florantonia Singer.