A primeira noite de desfiles do grupo especial do carnaval do Rio expôs o desgaste entre o governador Cláudio Castro (PL) e seu vice, Thiago Pampolha (MDB), e teve na avenida a presença de nomes como o governador do Pará, Helder Barbalho — que anunciou o estado como enredo da Grande Rio em 2025 — e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que desfilou pela Beija-Flor, escola que homenageou Maceió. Antes de desembarcar no Rio, Lira esteve em Salvador a convite de Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que levou ao estado parlamentares em momento de articulação por apoio para ser o sucessor do alagoano no comando da Casa.
Castro e Pampolha assistiram aos desfiles na Marquês de Sapucaí, domingo, em espaços diferentes. O clima de tensão entre eles se intensificou quando o vice deixou o União Brasil e se filiou ao MDB, comunicando Castro às vésperas. Por este motivo, há cerca de um mês, os dois têm passado por um período de pouco diálogo. Pampolha afirmou a Luísa Marzullo, Jeniffer Gularte, André Zajdenweber e Luis Felipe Azevedo, do jornal O Globo, que não foi convidado para o camarote do governo do estado e, por isso, acompanhou ao desfile com a família no camarote Rio Prata.
— Eu não fui convidado para o camarote do governo do estado. O convite não saiu no meu nome, então a casa não é minha. Vou passar o carnaval com minha esposa e se ele quiser me encontrar, darei um abraço com todo carinho — disse o vice, momentos antes de desfilar na Beija-Flor.
No convite oficial do camarote do governo do estado, o nome de Pampolha não saiu ao lado de Castro e do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União). O governador chegou na Sapucaí acompanhado do deputado estadual Rodrigo Amorim (PRD) e minimizou o desgaste na relação com o vice.
— Eu espero que ele venha aqui. Tem crise zero com ele, espero que ele venha falar porque somos amigos — afirmou Castro.
A desfiliação de Pampolha gerou uma guerra de versões. De um lado, o vice estava insatisfeito com a proximidade do União com o prefeito, Eduardo Paes (PSD), adversário de seu grupo político. Na avaliação de Castro, o movimento de Pampolha foi precipitado e abriu uma crise em seu governo, já que o União faz parte de seu secretariado.
Maceió e Pará na avenida
Pampolha desfilou pela Beija-Flor, que também teve o deputado Arthur Lira. A escola homenageou Maceió, capital do estado do parlamentar. Lira passou pela avenida ao lado do patrono da agremiação, Anísio Abraão David, e do líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho.
— Estou muito feliz. É lindo demais — disse Lira.
Para o desfile, a Beija-Flor recebeu um patrocínio de R$ 8 milhões dos cofres da prefeitura de Maceió, comandada por João Henrique Caldas (PL) — aliado de Lira e que também foi à Sapucaí.
Em nota, a prefeitura afirmou que o acordo de cooperação foi firmado no ano passado e que o valor foi “integralmente repassado”. De acordo com a Secretaria de Comunicação Social, os recursos não vieram de emendas parlamentares e que o objetivo foi “incentivar e fomentar a cultura local, bem como o turismo na capital alagoana”. O patrocínio foi criticado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), rival político do grupo de Lira e JHC.
Já o governador paraense Helder Barbalho (MDB) aproveitou para anunciar que o estado, sede da Conferência da ONU para o Clima (COP-30), será tema do desfile da Grande Rio em 2025. “Escola linda”, comemorou.
Bloco da sucessão na Bahia
Em Salvador, o pré-candidato à presidência da Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), convidou e recebeu políticos para passar o carnaval na capital baiana, apelidado entre os deputados de “Elmarfolia”. Na sexta-feira, Elmar aproveitou o bloco de Bell Marques ao lado de Lira e de deputados estaduais.
No sábado, ele foi recebido pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), no Palácio de Ondina para um almoço. Estavam, além de Elmar, Lira e os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e do Turismo, Celso Sabino.
Também pré-candidato à presidência da Câmara, Antônio Brito (PSB-BA) foi chamado pelo governador. Rodrigues é próximo de Brito. Na Bahia, PT e PSD têm uma aliança política desde 2010. O governador, contudo, tem dito que adotará neutralidade na disputa pela presidência da Câmara.
Jerônimo fez gesto de aproximação a Elmar e Arthur Lira enquanto o ministro da Casa Civil, o ex-governador baiano Rui Costa, se tornou o principal interlocutor do Planalto com o presidente da Câmara, que está rompido com Alexandre Padilha (Relações Insatitucionais). Elmar e Costa são de grupos opostos no estado.
Sucesso nas redes
Longe das disputas, o prefeito de Recife, João Campos (PSB-PE), ditou tendência na folia ao descolorir o cabelo para cumprir o “desafio nevou”. Popular nas redes sociais — tem 1,9 milhões de seguidores no Instagram —, o prefeito compartilhou momentos da festa ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que também aderiu ao visual platinado.
O encontro entre os três ocorreu em evento no Marco Zero, em Recife, na sexta-feira. Na madrugada de domingo, Campos fez uma live com Paes. Horas depois, o carioca disse que deseja trazê-lo para o desfile das campeãs do Rio.
— O João Campos está colocando nós prefeitos em uma situação complicada — brincou Paes.