A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira dois ex-auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – o ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Martins e o ex-assessor especial da Presidência coronel Marcelo Câmara. Outro preso preventivamente foi o major do Exército Rafael Martins Oliveira, que atuou no batalhão de Forças Especiais da corporação. Um quarto alvo, que também é militar, está nos Estados Unidos e ainda não foi detido.
Os mandados foram cumpridos no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma organização criminosa que teria atuado para manter Bolsonaro no poder por meio de uma tentativa de golpe Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, segundo a PF. A trama teria envolvido a entrega de uma minuta golpista por Filipe Martins no Palácio da Alvorada e o planejamento de militares treinados em cursos de “operações especiais” que envolvem ações de inteligência contra terrorismo, guerrilha e insurreição.
Entre os alvos de mandados de busca e apreensão estão o ex-presidente, ex-ministros e aliados do governo passado, como o ex-ministro da Casa Civil general Braga Netto, o ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional general Augusto Heleno, o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Ao todo, a PF cumpre 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, de se ausentarem do país, e a obrigação de entregar os passaportes no prazo de 24 horas.
Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e estão sendo cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
As investigações apontaram que o grupo se dividiu em dois núcleos de atuação – um para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições de 2022, com o objetivo de “viabilizar e legitimar” uma intervenção militar, segundo a PF. E o outro na preparação para realizar um golpe de Estado, “com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais em ambiente politicamente sensível”, conforme a corporação.