Padre bastante atuante e respeitado no Centro Histórico de Salvador, sobretudo pela luta contra o racismo, o religioso Lázaro Muniz foi homenageado pela Câmara Municipal com a Medalha Zumbi dos Palmares.
A honraria foi entregue em sessão solene, nesta última segunda-feira (29), no Plenário Cosme de Farias. O vereador Sílvio Humberto (PSB) propôs a condecoração por meio do Projeto de Resolução nº 34/18.
“Padre Lázaro é um ecumênico que com dialoga com todas as religiões e essa homenagem da Câmara Municipal de Salvador com a Medalha Zumbi dos Palmares é um justo reconhecimento por conta de sua trajetória. Ele pensa no outro e se importa com as pessoas”, afirmou Sílvio Humberto.
De acordo com o vereador, fazendo uso das palavras da secretária de Cultura Arany Santana, “padre Lázaro Muniz é o padre de todos nós”. Ainda em sua fala, assegurou que a Câmara estava escrevendo mais uma página na história de Salvador. “Atendi a um clamor das pessoas”, frisou, acrescentando que “o homenageado é um construtor de pontes”.
O monsenhor José Edmilson, pároco da Igreja Nossa Senhora de Brotas, falou da sua admiração pessoal por padre Lázaro. “Acolher bem é uma forma de amar”, disse, acrescentando em seguida que o homenageado é “um acolhedor”.
“A sensibilidade de padre Lázaro é o seu diferencial”, afirmou Eliana Pedroso, diretora de Gestão do Centro Histórico. Já Adonai Passos, prior da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, lembrou que o homenageado virou autoridade em Angola após celebrar uma missa naquele país.
Todos os integrantes da mesa de trabalho foram unânimes em falar do poder agregador do homenageado, notadamente o seu imenso amor para com os outros e a sua capacidade de semear a paz e acolher a todos. Também surgiu a proposta para ele se tornar arcebispo de Salvador.
Responsabilidade
Após receber a Medalha Zumbi dos Palmares das mãos do padre Genival Machado, de Adalberto Muniz e de Nilza Dias, o padre Lázaro proferiu o seu discurso de agradecimento. Conforme o religioso, o principal sentimento “é de responsabilidade”. Ele acrescentou que “tem que continuar fazendo mais para manter a luta contra o racismo institucional e outras formas de preconceito”.
Ele chorou quando lembrou da infância difícil e honrada e lamentou que o preconceito e o racismo estejam presentes na sociedade. “É preciso fazer com que as pessoas sejam respeitadas e valorizadas nos seus direitos e não mais discriminadas e maltratadas por causa de sua pele e de sua cor”, frisou.
O padre Lázaro Muniz é formado em Teologia pela Universidade Católica do Salvador e está perto de completar de 23 anos de sacerdócio. Atuou nas paróquias de São João Batista e São Gonçalo do Retiro e nas igrejas das Doroteias, do Cemitério Campo Santo, do Sagrado Coração de Jesus, da Penha e de São Pedro.
Quando assumiu a Catedral Basílica, há sete anos, ficou responsável pelas capelas da Ajuda, do Rosário dos Pretos e de São Domingos de Gusmão, no Centro Histórico. Em fevereiro deste ano, foi transferido para a Paróquia Santa Cruz, no Engenho Velho da Federação.
Durante o pronunciamento de Sílvio Humberto, o vereador Joceval Rodrigues (Cidadania) dirigiu temporariamente os trabalhos e representou o presidente Geraldo Júnior (SD).
Além dos citados, fizeram parte da mesa de trabalho a secretária da Sepromi-BA, Fabya Reis; a presidente da Unegro Bahia, Sirlene Assis; e a presidente da Sociedade Protetora dos Desvalidos, Ligia Margarida.
Também participaram da mesa Sandra Bispo, integrante da Irmandade da Boa Morte da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; Hamilton Muniz, irmão do homenageado; e José Raimundo Troccoli, sacerdote do Centro Umbandista Paz e Justiça.