O ano começa com uma boa notícia ao governo Lula: a aprovação foi de 50%, em novembro do ano passado, para 52% em janeiro, segundo pesquisa AtlasIntel, divulgada nesta terça-feira. De acordo com o levantamento, a quantidade de brasileiros que desaprovam a gestão caiu de 47% para 43%.
O diretor da AtlasIntel, Andrei Roman, atribui os resultados à melhora no cenário econômico. “Ha um clima de otimismo neste setor. Menos pessoas apontam a pobreza e a inflaçaõ como problemas da realidade atual”, diz. Na série histórica, a aprovação do presidente se aproxima a de janeiro de 2023, quando o governo havia começado.
Jà em relação à avaliação do governo, os ganhos são ainda mais importantes para o Planalto. Em novembro, a quantidade de brasileiros que atribuiam as notas “ruim” e “péssimo” superavam os que consideravam o trabalho “ótimo” ou “bom” (45% a 43%). Em janeiro, o quadro se inverteu: a avaliação positiva é de 42% enquanto a negativa registra 39%. Já quem atribuiu o valor “regular” subiu de 11% para 16%.
Principais problemas
A pesquisa avaliou também quais são os principais problemas do Brasil apontados pela população (em ordem de importância). São eles:
- Segurança Pública: 59%
- Justiça e combate à corrupção: 57,6%
- Pobreza, desemprego e desigualdade social: 19,3%
- Mau funcionamento da Justiça: 17,5%
Embora esteja em segundo lugar, o quesito “Justiça e Combate à Corrupção” foi o que mais avançou em relação ao levantamento de novembro, quando metade da população o apontava como um tema de atenção. “As decisões recentes de revisão de condenações da Operaçao Lava Jato e a anulação das multas da Odebrecht tendem a repercutir mal para o governo. Os desafios legais da família Bolsonaro agravam essa percepção, mas, por outro lado, servem de blindagem para o governo Lula, porque diminuem a capacidade da oposição de criticar a atual administração nesse campo”, explica Roman.
Corte religioso
Chama atenção na pesquisa o fato de os evangélicos seguirem destoando dos outros grupos religiosos na avaliação do governo. A desaprovação nesse grupo chega a 55%, enquanto ela é de 40% entre católicos, 34% entre quem tem “outra religião” e somente 22%, entre os ateus e agnósticos.
O AtlasIntel é o único instituto a medir a popularidade do governo averiguando uma parcela do eleitorado que se identifica como “crente, sem religião”, ou seja, os evangélicos que não estão ligados à nenhuma denominação. Os chamados desigrejados, que correspondem a cerca de 10% do total de eleitores, são mais tolerantes com o governo Lula: 41% desaprovam a sua administração.
“Não sei se Lula vai conseguir furar a bolha evangélica. Esses movimentos religiosos são muito identificados com a direita. Existe um progressismo de esquerda cada vez mais contundente com pautas sobre família, aborto e identidade de gênero que assusta esse público. Não vejo como algo trivial que possa ser desconstruído rapidamente”, pontua Roman.
Recentemente, reportagem de VEJA demonstrou a dificuldade do governo de furar a bolha evangélica.
Lula X Bolsonaro
A pesquisa mostra também que Lula leva vantagem em relação ao seu principal adversário na atualidade, em termos de imagem. O atual presidente tem uma imagem positiva para 51% do eleitorado e negativa para 45%, saldo positivo de +6%. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro tem saldo negativo de -8%. Cerca de 43% atribuem a ele uma boa imagem, contra 51% de avaliação negativa. Embora Bolsonaro esteja inelegível até 2030, ele ainda tem muita relevância no cenário político.