Em conversa com o jornal O Globo, a líder do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, expressou inquietação em relação ao panorama político de 2026. Hoffmann reconheceu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), embora inelegível, mantém considerável influência política.
“Não tem nenhuma liderança do centro, da centro-direita ou da direita clássica com condições de fazer essa disputa. Temos o dever de não deixar a extrema direita voltar. Não estamos falando de um embate com a direita normal, em que você perde e prepara a oposição”, disse Gleisi.
“O presidente [Lula] também tem que demarcar, como já tem feito em muitas questões que são importantes para mostrar a diferença com o bolsonarismo. O Bolsonaro tem muita força e vai colocar uma candidatura e o peso político que ele tem”, reafirmou a parlamentar.
É evidente que essa admissão busca preservar a presença latente do bolsonarismo, uma vez que o PT se nutre dessa situação.
Durante a entrevista, Gleisi Hoffmann também absteve-se de fazer elogios públicos ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na visão da parlamentar, os positivos resultados econômicos derivam mais da conjuntura econômica e dos esforços do Congresso Nacional do que especificamente de ações do colega na Esplanada dos Ministérios.
“Tivemos avanços importantes na economia, como o crescimento de 3% do PIB e a inflação controlada. Isso não quer dizer que a gente não tenha preocupações sobre a condução de alguns aspectos da economia. É preciso entrar em um ciclo virtuoso e discutir a meta de crescimento. Tem que ser 4% em 2024”, disse Gleisi.
“Uma parte considerável do crescimento, além do agronegócio, foi em razão da PEC da Transição, que nos permitiu retomar os programas sociais e colocar o Estado de novo como um agente importante da economia. O aumento real do salário mínimo foi relevante. Com isso, teve dinheiro na economia, o que faz o PIB crescer”, contemporizou a petista.