O presidente Lula da Silva (PT), participou nesta sexta-feira (2), do evento de anúncio do Novo Ciclo de Investimentos da Volkswagen do Brasil, na sede da montadora em São Bernardo do Campo (SP). A fabricante pretende aportar R$ 16 bilhões no país até 2028, com foco em descarbonização, para lançar 16 novos veículos, incluindo modelos híbridos, 100% elétricos e total flex.
“Eu fico extremamente feliz de vir à Volkswagen ouvir o anúncio de um investimento de R$ 16 bilhões até 2028. Mas não é só a Volkswagen, o setor automotivo do país está anunciando R$ 41 bilhões em investimentos porque as pessoas voltaram a acreditar nesse país”, afirmou o presidente Lula durante a cerimônia na fábrica Anchieta.
A Volkswagen já havia anunciado um aporte de R$ 7 bilhões na América Latina para o ciclo de 2022 a 2026. A esse valor serão somados mais R$ 9 bilhões até 2028. Num primeiro momento, o novo investimento contempla o desenvolvimento e a produção de projetos inovadores para as quatro fábricas da Volkswagen do Brasil.
“Esse é o maior investimento pós-pandemia de uma montadora no país. É um investimento que reforça a confiança da nossa marca no Brasil, o respeito pelos nossos colaboradores e a nossa excelente relação com os sindicatos”, destacou o CEO da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom.
O executivo agradeceu ao BNDES pela parceria no financiamento dos projetos inovadores e sustentáveis da marca e comemorou os resultados obtidos pela empresa. “Em 2023, fomos a marca que mais cresceu no país em vendas. O Polo foi o carro de passeio mais vendido do Brasil, com mais de 111 mil unidades comercializadas”, afirmou.
O presidente Lula também abordou a queda na venda de carros no país e os esforços da atual gestão para oferecer um ambiente favorável para o avanço da indústria nacional. “Quando eu deixei a presidência, em 2010, a indústria automobilística vendia 3,7 milhões de carros por ano. Eu voltei para a presidência em 2023 e a indústria automobilística vende 2 milhões de carros. Ou seja, perdeu quase 50%. Por quê? Porque não tinha poder de compra, não tinha consumo, as empresas não acreditavam no Brasil”, contou.
“E o nosso papel é fazer com que a gente garanta estabilidade política, econômica, fiscal, jurídica e que a gente tenha previsibilidade do que a gente quer nesse país. Esses são os ingredientes do sucesso”, completou Lula.
Retorno
Em 2003, o presidente Lula e o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, atual vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, visitaram a Volkswagen do Brasil no ABC paulista e participaram de uma cerimônia que marcou os 50 anos da fábrica no país. Lula visitou a linha de produção do automóvel Polo e, durante a visita, ambos reeditaram uma foto histórica, tirada durante a inauguração da fábrica em 1959. Na ocasião, o presidente Juscelino Kubitschek e o governador Carvalho Pinto posaram para os fotógrafos em um Fusca conversível, que foi um símbolo da fase industrial da história brasileira.
Política industrial
Os novos investimentos da Volkswagen vêm ao encontro das iniciativas de reindustrialização que têm norteado o governo brasileiro, a exemplo dos programas Nova Indústria Brasil e do Novo PAC, e se somam a investimentos recentes anunciados por outras montadoras, como a General Motors e a BYD.
Em 22 de janeiro, o presidente Lula recebeu o plano para uma nova política industrial para o Brasil, chamada de Nova Indústria Brasileira e elaborada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). A iniciativa prevê investimentos da ordem de R$ 300 bilhões até 2026 para promover a reindustrialização do país, com foco na sustentabilidade e inovação, além da geração de empregos.
“A nova indústria são quatro coisas: inovação, descarbonização, exportação e competitividade. O presidente Lula lançou 4% TR para pesquisa, desenvolvimento e inovação. São R$ 102 bilhões. BNDES, Finep e Embrapii. Então, estimular a inovação, veículos melhores, emitindo menos carbono, com mais eficiência energética e mais competitivo”, afirmou Alckmin.
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Outros aportes
A General Motors anunciou um plano de investimentos de R$ 7 bilhões no Brasil até 2028. O presidente da General Motors International, Shilpan Amin, e o presidente da empresa para a América do Sul, Santiago Chamorro, foram recebidos pelo presidente Lula no Palácio do Planalto, em 24 de janeiro. No fim do mesmo mês, a empresa completou 99 anos de presença no país.
Os recursos serão empregados em melhorias significativas na capacidade e nas condições de produção da GM, além do desenvolvimento tecnológico, em particular nas áreas de veículos elétricos, energias renováveis e controle de poluentes. O montante anunciado deverá ser seguido de investimentos adicionais em próximas fases de investimentos.
Já a BYD trabalha na instalação de três novas unidades fabris em Camaçari, na Bahia, para produção de caminhões elétricos, carros elétricos e híbridos e chassis de ônibus, totalizando investimentos de R$ 3 bilhões. Será a primeira fábrica de automóveis da empresa chinesa fora da Ásia. Também será instalado em Salvador (BA) um centro de pesquisa para o desenvolvimento de tecnologia de um motor híbrido flex, para combinar o etanol com o motor elétrico.
O presidente da BYD Brasil, Tyler Li, entregou em janeiro um carro totalmente elétrico para o presidente Lula, que está disponível para uso em comodato pela Presidência da República durante o prazo de um ano. Na ocasião, o executivo também apresentou um relatório detalhado do plano de investimentos no Brasil, com a previsão de que o complexo de Camaçari tenha capacidade inicial de produzir 150 mil carros por ano. Estima-se uma geração de 10 mil postos de trabalho diretos e indiretos, com prioridade para mão de obra local.
O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, participou, em outubro do ano passado, da cerimônia de lançamento da pedra fundamental das futuras unidades da BYD na Bahia. Anteriormente, em abril de 2023, o presidente Lula se reuniu com o CEO da BYD, Wang Chuanfu, em Xangai, na China, para discutir os investimentos da empresa no Brasil e a indústria de veículos elétricos.
Também anunciaram novos recursos no Brasil até 2032 as montadoras Great Wall (R$ 10 bilhões entre 2023 e 2032); Renault (R$ 5,1 bilhões de 2021 a 2027); CAOA (R$ 4,5 bilhões entre 2021 e 2028); e Nissan (R$ 2,8 bilhões de 2023 a 2025).