A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), em conjunto com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), participou, nesta terça-feira (30), de uma expedição científica na Ilha de Maré, localizada na Baía de Todos-os-Santos. O objetivo foi conhecer o inspirador projeto de placas acústicas desenvolvida pela Associação Beneficente, Educacional e Cultural Quilombolas de Ilha de Maré, utilizando resíduos da Cana Brava.
Coordenado pela professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Climene Laura de Camargo, esse trabalho de pesquisa realizado em uma comunidade quilombola visa o desenvolvimento sustentável por meio da produção de placas acústicas. O projeto busca a proteção ambiental, o avanço sustentável da comunidade e a promoção de algo ainda pouco explorado devido à escassez de placas acústicas ecológicas no mercado nacional.
A visita técnica contou com a participação de uma equipe multidisciplinar composta por diversas secretarias, a Universidade e a Fiocruz, evidenciando a abordagem transversal do projeto. “Tivemos a oportunidade de conhecer o projeto das placas acústicas e, durante a visita, o foco se ampliou ao explorar todas as ações realizadas pela associação, envolvendo membros do quilombo”, explicou a superintendente de Inovação e Desenvolvimento Ambiental da Sema, Vânia Almeida.
Conforme a diretora de Políticas e Programas da SECTI, Sahada Luedy, a visita buscou explorar oportunidades de colaboração e desenvolver soluções para o projeto Somar. A ideia é criar um sistema que produza conhecimento, transforme-o em soluções e converta essas soluções em benefícios para a comunidade. Por isso, a participação da Sema, da Sepromi e de outras secretarias é fundamental, sendo convidadas a integrar o grupo de trabalho. “Agora, é essencial coordenar esforços para abordar as questões apresentadas pela associação”, explica.
“A Sema empreenderá esforços para apoiar o projeto, e pretendemos articular com outras secretarias para desenvolver um projeto abrangente que atenda às diversas demandas da comunidade e da associação, incluindo as placas acústicas e outras ações ambientais. Há uma variedade de iniciativas que podemos explorar para efetivamente transmitir nossa mensagem de preservação ambiental e programar políticas públicas significativas”, destaca Vânia.
Um dos encaminhamentos será a articulação das ideias apresentadas, visando estabelecer um plano de trabalho e tornar o projeto mais sustentável ecologicamente, contribuindo simultaneamente para a geração de renda na comunidade. Foi consenso entre os visitantes que a integração de outras secretarias ao grupo é essencial para garantir uma articulação eficaz entre os órgãos e atender, de maneira mais eficiente, às necessidades da comunidade.
Placas acústicas ecológicas
“Nossa proposta de trabalho depende da colaboração de todos, visando atender a uma população que historicamente foi negligenciada por séculos. A comunidade não é apenas uma parceira, mas a verdadeira razão de nosso trabalho, sendo uma colaboração mútua”, explica a professora Climene de Camargo. A Associação Beneficente, Educacional e Cultural Quilombolas de Linhas de Maré é liderada por Selma, coordenando as atividades, enquanto Alonso desempenha um papel crucial na produção das placas acústicas, na fábrica chamada “SomMar”.
Segundo a professora, as placas já estão patenteadas e encontram-se na fase final de aprimoramento, tornando-se prontas para uso em escolas e diversos locais que necessitam de uma acústica adequada. “Esperamos que o município e o governo do estado demonstrem interesse em adquirir essas placas para instalação em escolas, teatros e espaços públicos. Apesar das dificuldades enfrentadas com equipamentos obsoletos, estamos prontos para comercializar as placas, aproveitando as oportunidades de produção ainda disponíveis”, relata.