Após 20 meses de atraso, parlamentares turcos dão aval à expansão da aliança militar. Decisão deixa Hungria como único país-membro que ainda não ratificou candidatura sueca.O Parlamento da Turquia aprovou nesta terça-feira última (23), após 20 meses de atraso, a adesão da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – eliminando, assim, um dos últimos obstáculos para a expansão da aliança militar ocidental.
A votação na Assembleia turca, em que a aliança governista do presidente Recep Tayyip Erdogan detém maioria, terminou com 287 votos a favor, 55 contra e quatro abstenções.
Com a aprovação na Casa, Erdogan deve agora assinar o chamado protocolo de adesão, que precisa ser publicado no Diário Oficial para se tornar lei.
A decisão turca desta terça-feira deixa a Hungria como o único dos 31 países-membros da Otan que ainda não aprovou a entrada sueca na aliança. Todos os países que integram o grupo precisam ratificar a adesão de um novo membro.
O primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, saudou a decisão do Parlamento turco em mensagem nas redes sociais. “Hoje estamos um passo mais próximos de nos tornarmos um membro da Otan”, escreveu.
O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, também comemorou a aprovação de Ancara, dizendo que agora “conta com a Hungria para concluir sua ratificação nacional o mais rápido possível”.
Já os Estados Unidos disseram que a “Suécia é um parceiro de defesa forte e capaz, cuja adesão à Otan tornará os EUA e a aliança mais seguros e mais fortes”.
A entrada da Suécia como 32º membro da Otan tornaria toda a costa do Báltico território da aliança, exceto a costa russa e seu exclave de Kaliningrado.
Meses de suspense
A Suécia apresentou sua candidatura à aliança transatlântica ao mesmo tempo em que a Finlândia, logo após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, a fim de reforçar sua segurança.
A Finlândia aderiu à Otan em abril do ano passado, expandindo amplamente a fronteira terrestre entre a Rússia e a aliança. Enquanto aprovou a adesão finlandesa, a Turquia, juntamente com a Hungria, deixou a Suécia esperando.
O governo turco havia criticado as autoridades do país nórdico pelo que chamou de “clemência” com os militantes curdos refugiados em seu território, exigindo a extradição de dezenas deles.
Após um amargo processo que durou mais de um ano e contou com uma série de exigências, Erdogan finalmente levantou seu veto à adesão da Suécia em julho de 2023, depois de Estocolmo tomar medidas contra grupos curdos considerados “terroristas” por Ancara.
“Apoiamos a expansão da Otan a fim de melhorar os esforços de dissuasão da aliança. Esperamos que a atitude da Finlândia e da Suécia para o combate ao terrorismo sirva de exemplo para nossos demais aliados”, disse Fuat Oktay, presidente da comissão de relações exteriores do Parlamento, durante os debates na Casa.
E a Hungria?
Nesta terça-feira, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, anunciou que enviou uma carta ao premiê Ulf Kristersson convidando-o a Budapeste para discutir a candidatura da Suécia.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores sueco, Tobias Billstrom, disse que não via “nenhuma razão” para negociar com a Hungria “neste momento”.
Tanto a Turquia como a Hungria mantiveram laços diplomáticos e comerciais estreitos com a Rússia apesar da invasão da Ucrânia, e têm sido críticas às sanções ocidentais contra Moscou. O restante da Otan apoia a Ucrânia na guerra.