Durante o lançamento da nova política de desenvolvimento industrial do país, o presidente Lula da Silva (PT) reforçou a importância da parceria entre a iniciativa privada e o governo federal e afirmou conforme Karolini Bandeira e Alvaro Gribel, do O Globo, que o Brasil subiu da 12ª para a 9ª posição como maior economia do mundo não porque o país cresceu, mas porque “os outros caíram”.
Lula recebeu o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) no Palácio do Planalto nesta segunda-feira, no lançamento do novo plano com metas para a industrialização do país.
— Estamos sempre na beira, mas nunca chegamos lá. Já fomos a 6ª maior economia do mundo, fomos para a 12ª posição e voltamos para a 9ª agora, mas não porque crescemos muito mas porque os outros caíram. Isso não é motivo de orgulho — declarou o presidente.
Lula disse que a nova política industrial será determinante para o Brasil superar o problema de “nunca ser um país definitivamente grande e desenvolvido”. O presidente destacou que muitas das ações anunciadas tratam-se de parcerias entre a iniciativa privada e o poder público.
— Que a gente possa cumprir isso que a gente escreveu no papel — disse.
A volta do investimento estatal também foi defendida pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante:
— Não tem como rever a indústria brasileira sem uma nova relação de Estado e mercado. Não é substituir o mercado, não é não acreditar na importância do mercado, que é uma instituição indispensável de desenvolvimento econômico.
A política industrial foi lançada pelo governo federal com promessa de financiamentos de até R$ 300 bilhões até 2026. Desse total, R$ 194 bilhões são “dinheiro novo”, já que R$ 106 bilhões já haviam sido anunciados em julho do ano passado.
O texto do projeto, batizado de “Nova Indústria Brasil (NIB)”, define metas e ações para a produção nacional até 2033, com estímulos para empresas nacionais. Ele é destinado especificamente para seis áreas: agroindústria; bioeconomia; complexo industrial de saúde; infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade; transformação digital; e tecnologia de defesa.
Entre os instrumentos para alavancar o programa estão “linhas de crédito especiais, recursos não-reembolsáveis, ações regulatórias e de propriedade intelectual, além de uma política de obras e compras públicas, com incentivos ao conteúdo local”, disse o Ministério do Desenvolvimento.
Metas para 2033:
- Aumentar a participação do setor agroindustrial no Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário para 50%;
- Alcançar 70% de mecanização nos estabelecimentos de agricultura familiar;
- Produzir internamente 70% de toda a demanda interna por medicamentos, vacinas, equipamentos e demais insumos e tecnologias;
- Reduzir o tempo de deslocamento de casa para o trabalho em 20% (na parte de moradia e mobilidade);
- Transformar digitalmente 90% das empresas industriais brasileiras, com priorização de novas tecnologias, como robótica avançada;
- Reduzir em 30% a emissão de gás carbônico na indústria e ampliando em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes;
- Obter autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas para a defesa (na parte sobre a defesa nacional).