O procurador Januário Paludo, integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, defendeu o colega de Ministério Público Federal (MPF) Deltan Dallagnol após a abertura do processo administrativo no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Na avaliação de Paludo, Deltan fez críticas em agosto do ano passado ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas não foi desrespeitoso com os magistrados da corte. “Acredito que não tenha sido esse o caso ao se referir aos ministros da 2ª Turma do STF. [Deltan] teceu uma mera critica, mas não foi desrespeitoso com eles”, afirmou Januário Paludo conforme publicou o G1.
O CNMP abriu um processo administrativo nesta última terça-feira (23) para apurar se Dallagnol cometeu violação funcional, deixou de observar os deveres funcionais ou de guardar o decoro ao criticar a decisão da 2ª Turma do STF de transferir termos da colaboração premiada da Odebrecht da Justiça Federal no Paraná, onde o procurador coordena a Lava Jato, para a Justiça Federal e eleitoral no Distrito Federal.
As críticas aconteceram durante entrevista à rádio CBN no ano passado. “Os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre se tornando uma panelinha assim… que mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”, disse Dallagnol na ocasião.
Paludo reforçou que nunca presenciou qualquer ofensa ou falta de urbanidade do colega procurador no trato com as pessoas e instituições. “Conheço Deltan há mais de 15 anos. Sempre foi e continua sendo uma pessoa cordata e equilibrada, ainda que não lhe dispensem o mesmo tratamento respeitoso”, disse.
Integrantes da força-tarefa avaliaram, internamente, que a medida de abertura de processo administrativa contra Deltan foi desproporcional ao ato do coordenador da Lava Jato, de emitir uma opinião na entrevista.
Dez dos 14 conselheiros do CNMP votaram pela abertura do processo nesta terça (23) , entre eles o vice-procurador-geral da República, Luciano Maia Mariz, braço direito da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Mariz afirmou que “a liberdade de expressão não autoriza levantar a voz para agredir a principal instituição do estado de direito, que é a Suprema Corte.”