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sexta-feira 5 de janeiro de 2024 às 09:54h

Com Brasil longe de conflitos globais e boas perspectivas sob a economia, analistas preveem alta da bolsa em 2024

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Após registrar um ano considerado positivo, com recorde de pontos e alta de mais de 20% em 2023 sobre o ano anterior, qual será o desempenho da bolsa em 2024?

O índice referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa, encerrou o último pregão de 2023, realizado no dia 28 de dezembro, em queda de 0,01%, aos 134.193 pontos. No entanto, ao contabilizar todo o ano corrente, o índice subiu mais de 20%, pois em 2 de janeiro de 2023, no primeiro pregão do ano passado, o Ibovespa fechou a 106.376 pontos. O mês de novembro foi o que registrou a maior alta acumulada, com ganho de 12,5%, melhor desempenho mensal em três anos.

Agora, para 2024, após uma série de medidas do governo federal e do congresso como, por exemplo, a aprovação da reforma tributária e a meta de déficit zero nas contas públicas, analistas preveem que a bolsa brasileira deve seguir em tendência de alta. Outros fatores que contribuem para a previsão positiva é a contínua queda na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,75%, mas com viés de baixa. A inflação sob controle e os conflitos globais são outros temas citados para darem vazão a perspectiva de alta da bolsa no país.

“Para 2024 temos boas perspectivas para a economia, porém o descontrole fiscal e as eleições municipais podem impactar negativamente. Em nossa opinião ainda existem empresas com preço abaixo do seu valor real e algumas das micro reformas na infraestrutura do país ainda vão gerar bons resultados para a economia. Portanto, acreditamos que a bolsa brasileira tem tendência de alta em 2024”, destaca o economista e diretor técnico da Futuro Capital, Juliano Pinheiro.

Pinheiro acredita ainda que a bolsa supere neste ano o índice de 134 mil pontos alcançado em 2023. No entanto, pode haver volatilidade por questões internas e externas ainda difusas.

“Os maiores riscos estão associados à nossa credibilidade perante os investidores estrangeiros. A dificuldade em atender as promessas fiscais como o déficit zero, aliado a um ano eleitoral trazem preocupação quanto à capacidade de gerir as contas públicas do nosso atual governo. Além disso, a busca pelo aumento de impostos como solução do desequilíbrio fiscal também traz grande incertezas”, acrescenta.

Questionado se o apetite dos investidores pode ser maior este ano, Pinheiro lembra que, no Brasil, ainda há pouca educação financeira, o que afugenta possíveis aportes. Mesmo assim, com a sequência de quedas da taxa Selic, esse movimento pode ser impulsionado.

Commodities e setor financeiro

Dois dos grandes motores da bolsa brasileira, o setor financeiro, que envolve bancos e instituições financeiras, e o setor de commodities, que envolve a produção de insumos como petróleo e minério de ferro, devem continuar impactando fortemente a bolsa em 2024, com maior tendência de alta em caso de alta nos preços e, por consequência, queda em caso contrário.

“Dito isso, embora ainda haja espaço para uma valorização do índice, os investidores podem obter retornos mais interessantes em ações que podem se beneficiar diretamente da redução da taxa de juros, como ações cíclicas domésticas, que ainda estão com valuations mais atrativos”, analisa o sócio de Equus Capital, Felipe Vasconcelos.
Ainda na sua avaliação, outro tipo de investimento que pode voltar para o radar dos investidores são os ilíquidos, como private equity e venture capital, que têm o potencial de entregar os melhores retornos para os investidores que tiverem visão de longo prazo.

“Olhando o copo meio cheio, o fato de o mundo estar em polvorosa com conflitos na Europa, África e Oriente Médio, associado a problemas de confiança na China, faz com que o Brasil se torne uma das únicas opções seguras de investimento em países emergentes do mundo e isso tem o potencial de atrair um novo fluxo de investimentos internacionais”, complementa.

Fluxo estrangeiro também impacta a Bolsa em 2024

Outro fator que pode ser positivo para a Bolsa em 2024 é o aperto monetário em mercados desenvolvidos e também em países emergentes. Para o head de alocação da Grão Investimentos, Victor Oliveira, o fluxo de investimentos estrangeiros pode ditar algumas tendências no Ibovespa.

“Do ponto de vista do Federal Reserve (Fed), principalmente lá fora, dando um pouco mais de espaço para a queda na taxa de juros, ela sem dúvida alguma vai impactar muito países como o Brasil. Eu acho que o fluxo estrangeiro vai ser muito forte ao longo de 2024 e deve ditar as tendências da bolsa brasileira”, comenta.

Além disso, Oliveira vê o Brasil como uma das únicas oportunidades de investimentos em países emergentes, ao lado do México. “O Brasil se posiciona em um momento muito interessante. Temos Rússia com problemas e uma dificuldade muito grande com um novo governo que precisa arrumar a casa, além da Índia que enfrenta sérias dificuldades financeiras também”, lembra.

Maiores riscos à Bolsa em 2024

Possíveis pressões inflacionárias derivadas de crises externas podem impactar a bolsa brasileira neste ano, segundo Oliveira. Para o analista, o impacto da guerra entre Israel e Hamas, no Oriente Médio, somado à crise incessante entre Rússia e Ucrânia podem levar o petróleo à uma disparada de preços, o que seria negativo para a Bolsa.

“Essas pressões inflacionárias vão fazer com que os governos e seus respectivos bancos centrais não possam praticar a política monetária expansionista, ou seja, derrubar a taxa de juros, pois precisarão controlar a inflação e, eventualmente, até subir os juros para controlar a inflação, por sua vez devido a alta do preço da commodities e especificamente, do petróleo”, diz Oliveira.

Por fim, o analista complementa acrescentando que o grande fator de crescimento da bolsa brasileira em 2024 não vai ser o mercado interno, mas sim o externo. “O mercado global, na minha opinião, é o ponto mais importante para que a nossa bolsa performe e, somado a isso, apesar de estarmos a 134 mil pontos, quando olhamos os patamares de preço líquido das empresas no Brasil e da bolsa como todo, nosso desenvolvimento ainda está barato”, finaliza.

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