Mesmo faltando tanto tempo para as próximas eleições, os partidos políticos seguem em intensa movimentação nos bastidores de olho nas urnas em 2020. Como? Arregimentando lideranças e figuras de destaque para tentar conquistar votos, especialmente para vereador. A razão para certa antecipação é uma só: o fim das coligações proporcionais.
A eleição do próximo ano vai inaugurar esse novo modelo de disputa para o Legislativo, quando as legendas não poderão contar com “candidatos escadas” de outras siglas para garantir cadeiras. Como a estrutura partidária precisa funcionar para que haja votos suficientes dentro de uma mesma agremiação, os caciques políticos iniciam desde agora a série de conversas e negociações com foco em outubro de 2020. Isso vai desde a estruturação dos diretórios municipais até o topo da cadeia, os atuais detentores de mandatos na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional.
Diversos dirigentes sinalizaram que começam a fomentar a filiação de novos quadros, inclusive daqueles que estão fora da cena atual. A ideia é surfar um pouco na onda da “nova política” para tentar impulsionar nomes até então desconhecidos – como políticos – do eleitorado. Para tanto, o vale tudo inclui cantores, escritores, digital influencers ou até mesmo um rosto que desponte como liderança em um determinado segmento. Os cases de sucesso, inclusive, podem ser observados nos mais diversos cantos do país.
Na Bahia recente, o grande exemplo dessa estratégia bem-sucedida é o cantor Igor Kannário. Conhecido como “Príncipe do Gueto”, Kannário debutou nas eleições de 2016 após se filiar ao PHS um ano antes e garantiu uma vaga na Câmara de Vereadores de Salvador. Dois anos depois, ascendeu para a Câmara dos Deputados conforme o Bahia Notícias.
Com uma conversa aqui, um café ali e um almoço acolá, as mais diversas legendas conseguem seduzir os potenciais candidatos para se filiarem. Em um primeiro momento, inclusive, sem expectativas necessariamente focadas nas urnas. Ao aumentar e diversificar os quadros, as siglas ampliam seus “tentáculos” e conseguem construir uma estrutura de candidatura desenvolvida nas décadas de 1980/1990 pelo MDB e aprimorada especialmente pelo PT nos últimos anos – para ficar em apenas exemplos cuja envergadura política obteve resultados expressivos na formação de bancadas no Congresso Nacional.
Para além de atrair figuras para candidaturas a prefeito, os partidos correm para minimizar os prejuízos de terem subjugado os postulantes a vereador dos últimos. Será então ainda mais corriqueiro ver que os presidentes de legendas estão gastando saliva nas conversas com potenciais candidatos. As urnas, para eles, estão logo ali.