Segundo a coluna de Vera Magalhães, o ano termina com o responsável pela articulação política do governo Lula, Alexandre Padilha, com o filme queimado com os principais líderes tanto na Câmara quanto no Senado. Chamou a atenção a ausência de menção ao nome do ministro por parte de todos os que discursaram na promulgação da reforma tributária, na quarta-feira (20).
Além disso, Padilha não teve sequer lugar à Mesa dos trabalhos no plenário da Câmara. Teve de ficar atrás das demais autoridades, visivelmente desconfortável.
Não se tratou de gafe ou mero esquecimento. Quando questionados, os principais caciques das duas Casas fazem questão de destacar que Padilha foi ausente ao longo de toda a tramitação da reforma. Diferentemente de Fernando Haddad, a quem é dado o crédito de ter abraçado a discussão e colocado a equipe da Fazenda para ajudar a fechar um texto.
Mas não só na discussão da tributária a atuação de Padilha é criticada. Deputados e senadores atribuem a ele o fato de Lula não receber parlamentares, não ser informado a respeito de acordos fechados — e depois descumpridos — para votações, e por vetos não combinados com o Congresso.
O presidente foi alertado pelos comandantes das duas Casas a respeito da fragilidade da relação da pasta das Relações Institucionais com a base, e gostariam que, na reforma ministerial, o time de ministros palacianos fosse mexido para se tornar mais plural, sem tantos expoentes apenas do PT. Mas ninguém acredita que Lula vá, de fato, mexer na composição do Planalto.
A relação com o titular da Casa Civil, Rui Costa, que também não é boa, termina o ano em condições um pouco melhores. Interlocutores do presidente da Câmara, Arthur Lira, por exemplo, destacam o fato de que Costa é “duro” na negociação, mas cumpre os acordos que sela.