Estrutura tinha quatro quilômetros de extensão e uma de suas saída ficava a apenas 400 metros da fonteira entre a Faixa de Gaza e Israel.O exército israelense anunciou neste domingo (17) ter descoberto o maior túnel do grupo radical islâmico Hamas até agora na Faixa de Gaza.
De acordo com Israel, a estrutura tem cerca de quatro quilômetros de comprimento e três de altura e fica a 50 metros de profundidade. Uma das saídas fica em Erez, a apenas 400 metros da fronteira entre Israel e o enclave palestino.
“Milhões de dólares foram gastos neste túnel, centenas de toneladas de cimento e muita eletricidade. Em vez de gastar todo esse dinheiro, o cimento ou a eletricidade em hospitais, escolas, habitações ou outras necessidades dos habitantes de Gaza”, disse o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelense, ao mostrar o túnel, considerado uma das principais estruturas que permitiram o ataque de 7 de outubro, estopim do atual conflito.
“Este foi até agora o segredo mais bem guardado de Yahya Sinwar, mas nós descobrimos e o tornamos público”, disse Hagari, referindo-se ao chefe do grupo Hamas dentro da Faixa de Gaza.
Sinwar é considerado o mentor do ataque de 7 de outubro, quando militantes do Hamas invadiram Israel, matando mais de 1.200 pessoas e fazendo cerca de 240 reféns. Mais de 100 israelenses e estrangeiros capturados foram libertos durante um cessar-fogo de sete dias no mês passado. Entre os reféns ainda em poder do Hamas, estima-se que 20 estejam mortos.
Cidade subterrânea
Israel afirma que quem liderou e supervisionou a construção do túnel revelado neste domingo foi Mohamed Sinwar, irmão de Yahya Sinwar.
A complexa rede de túneis do Hamas é considerada peça-chave na estratégia do grupo radical e, de acordo com relatos, se assemelha a uma cidade subterrânea, chegando a ser chamada de “o metrô de Gaza”. As estruturas contam com eletricidade, ventilação, esgotos, redes de comunicação e até estradas para o tráfego de veículos.
O exército de Israel assegura que, desde o início da ofensiva terrestre na Faixa, em 27 de outubro, foram encontrados numerosos túneis, sob hospitais, escolas e outras infraestruturas civis, como o hospital Shifa, na Cidade de Gaza.
O Hamas utilizou pela primeira vez seu sistema subterrâneo para lutar contra Israel na guerra de 2014. À época, especialistas israelenses estimaram que o número de túneis seria de 1,3 mil. Israel afirmou ter destruído algumas centenas de quilômetros do sistema de túneis em 2021. Mas novas trilhas subterrâneas continuaram a ser escavadas. No conflito atual, as forças israelenses disseram ter encontrado mais de 800 entradas de túneis e destruído um grande número dessas estruturas.
Para seguir com o objetivo de eliminar o grupo radical islâmico, Israel planeja bombear água do mar para os túneis, o que ocasionaria a fuga de militantes do Hamas. No entanto, a ideia é polêmica, pois poderia, também, matar reféns, desestabilizar edifícios e impactar na água do subsolo por muitas gerações.