O esperado anúncio de um pacote de ajuste fiscal pelo governo argentino não se confirmou nesta segunda-feira (11). As medidas devem ser reveladas apenas amanhã pelo recém-empossado ministro da Economia, Luis Caputo. Hoje, a única medida econômica anunciada tem relação com o câmbio: quem quiser comprar o dólar oficial precisará, a partir de agora, de uma autorização prévia do Banco Central.
Na prática, é uma espécie de “feriado cambial”, segundo jornais argentinos. Importadores são diretamente afetados, pois usam o dólar oficial para as transações internacionais.
“O Banco Central da República Argentina decidiu hoje aplicar a regra de conformidade prévia a todas as operações feitas no mercado de câmbio (…) Durante a transação, as operações serão analisadas e processadas em função das prioridades”, diz a cricular do BC argentino.
Uma das medidas que deve fazer parte do pacote de ajuste é a desvalorização do câmbio oficial. O dólar comercial seria fixado em cerca de 600 pesos.
Mas, segundo reportagem do Clarín da semana passada, a taxa de câmbio oficial teria um acréscimo adicional de 30% do imposto PAIS (sigla para Por uma Argentina Inclusiva e Solidária). Assim, o novo valor do dólar – se o imposto for aplicado – ficaria em torno de 700 a 800 pesos.
Sem uma decisão definitiva sobre a desvalorização, o dólar oficial caiu hoje e era negociado a 366 pesos na abertura do mercado. A Bolsa, por sua vez, subia apenas 2%.
No seu discurso de posse, no domingo, o novo presidente argentino Javier Milei disse que “hão havia dinheiro” e que o país deveria se preparara para um “choque” econômico.
De acordo com o jornal Ambito Finaciero, o plano terá quatro eixos centrais: um rigoroso ajuste fiscal para alcançar rapidamente o déficit zero, um salto na desvalorização da taxa de câmbio oficial, fim do controle de preços e a eliminação dos passivos remunerados do Banco Central.
Na semana passada, antes da posse de Milei, o jornal Clarín informou que a versão que circulava no círculo mais íntimo do presidente continha 14 medidas, incluindo privatizações.
Na manhã desta segunda-feira, o porta-voz do governo, Manuel Adorni, disse que as medidas que serão anunciadas amanhã serão acompanhadas de um “forte corte fiscal com remoção de privilégios”.
Ontem, em seu primeiro decreto, o novo presidente cortou pela metade o número de ministérios, de 18 do governo anterior para nove.