Santa Bárbara está longe de ser apenas o nome de várias cidades do Brasil. A santa, venerada nas igrejas católica, ortodoxa, anglicana e nas religiões afro-brasileiras, tem seu dia comemorado em 4 de dezembro.
No Brasil, a santa é popular a ponto de batizar 11 cidades, espalhadas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul. Além disso, Santa Bárbara é considerada a padroeira de todos os profissionais que lidam com o fogo, como bombeiros, e protetora contra tempestades e trovões.
Quem foi Santa Bárbara?
Santa Bárbara é segundo Matheus Adami, do portal Uol, uma das santas mais antigas do calendário litúrgico da igreja católica, a exemplo de São Jorge, São Bento e Santo Agostinho. A história de Bárbara, no entanto, guarda semelhanças com a de Jorge.
Em primeiro lugar, o suposto país de nascimento. Se Jorge teria nascido – não há provas concretas de que o santo guerreiro teria, de fato, existido – em Capadócia, na Turquia, Bárbara teria nascido em Nicomédia, atual ?zmit, também na Turquia, no ano 280.
Outra semelhança entre Santa Bárbara e São Jorge é o martírio: ambos eram cristãos e viveram em um período histórico em que a região em que viviam era dominada pelo Império Romano – que só adotaria o cristianismo como religião oficial em 380. Antes disso, cristãos como Bárbara e Jorge eram perseguidos pelas autoridades.
“Muitos eram perseguidos e entregues a forças do Império Romano, muitos foram mortos na tentativa de negar a fé. Santa Bárbara, segundo a devoção, é uma das santas que não tiveram medo de enfrentar até mesmo o próprio pai, para dar testemunho da fé”, diz Felipe Cosme Damião Sobrinho, padre e professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo,.
Segundo a tradição, Santa Bárbara era a única filha de um homem rico chamado Dióscoro. O pai da futura santa tinha receio de deixar a menina conviver com a sociedade da época, considerada corrupta. Por isso, a trancou em uma torre.
Com o passar dos anos, Bárbara se tornou uma jovem muito bela. E não lhe faltaram pretendentes ao casamento. Todos, porém, foram recusados, o que fez com que o pai lhe permitisse ir à cidade.
“Com o contato com o mundo externo, ela conheceu cristãos e decidiu se dedicar ao cristianismo”, conta Cosme Damião Sobrinho.
Pai matou Santa Bárbara – e morreu em seguida
A opção de Santa Bárbara de ser cristã desagradou profundamente ao pai. Tanto que, tempos depois, Dióscoro denunciou a própria filha às autoridades romanas. A religiosa teria, então, sido torturada. O objetivo das autoridades do Império Romano era fazer com que Bárbara negasse a Cristo, o que não aconteceu. Com isso, ela foi condenada à morte.
Santa Bárbara teria sido decapitada no ano de 317, aos 37 anos, pelo próprio pai. E, neste momento, surgiu a fama da futura santa como protetora contra as tempestades, raios e trovões.
“Diz-se que um raio caiu e o pai caiu morto naquela cena. É a tempestade como um sinal da manifestação de Deus. Por isso ela é protetora das tempestades climáticas mas, também, das tempestades da vida”, pontua o professor da PUC-SP.
A relação com os raios, trovões e tempestades também fez com que Santa Bárbara fosse sincretizada, nas religiões afro-brasileiras, com a orixá Iansã.
Martírio fez com que Santa Bárbara fosse canonizada
Da mesma forma como São Jorge e Santa Joana D’Arc, a morte sem negar a fé foi mais do que suficiente para que Santa Bárbara fosse canonizada na igreja católica. Ou seja: não foi necessário que a ela fossem atribuídos milagres, requisitos modernos para o processo de canonização.
“Ela é santa por conta da virgindade e do martírio, uma vez que a virgindade é conhecida como total consagração a Cristo. E uma escolha radical por uma vida de santidade, o que faz com que enfrente a própria família. Ela se une a Cristo no derramamento de sangue. Não havia um processo de canonização. O martírio diz por si, não exige milagre”, analisa Felipe Cosme Damião Sobrinho.
Oração a Santa Bárbara
Conheça uma oração a Santa Bárbara:
“Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura. Ficai sempre ao meu lado para que possa enfrentar de fronte erguida e rosto sereno todas as tempestades e batalhas de minha vida, para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido, possa agradecer a vós, minha protetora, e render graças a Deus, criador do céu, da terra e da natureza: este Deus que tem poder de dominar o furor das tempestades e abrandar a crueldade das guerras. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.”