A produção de cana-de-açúcar no Brasil deve crescer 10,9% na safra 2023/24 em comparação ao ciclo anterior, atingindo 677,60 milhões de toneladas ante 610,80 milhões de t, estabelecendo um novo recorde na série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que divulgou nesta quarta-feira (29), o 3º levantamento sobre a cultura. As condições climáticas e os investimentos do setor sucroalcooleiro refletiram em um aumento na produção, disse a estatal.
O bom resultado esperado é influenciado pelo melhor rendimento das lavouras, estimado em 81.129 quilos por hectares, alta de 10,1% ante a temporada anterior 2022/23 (73.655 kh/hectare). Também favoreceu o bom resultado a maior área destinada ao cultivo da cultura, prevista em aproximadamente 8,35 milhões de hectares, e que representa crescimento de 0,7% ante 2022/23 (8,29 milhões de hectares).
O gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Fabiano Vasconcellos, disse no comunicado que, “apesar do início da colheita ter sido atrasado devido às chuvas constantes, até mesmo gerando reflexos na programação das unidades de produção, a moagem alcançou pouco mais de 90% na região Centro-Sul. Já no Nordeste, que tem um calendário que se estende até abril, a colheita ainda é incipiente nos principais Estados produtores”.
Produtos
A estimativa de produção recorde de cana possibilita que o País registre crescimento tanto de açúcar como de etanol. Para o adoçante, a expectativa é que se atinja uma produção de 46,88 milhões de toneladas, representando um aumento de 27,4% em relação à safra passada. Confirmado o resultado, o volume configura o maior já registrado na série histórica.
Para o etanol, o crescimento esperado comparado com a safra anterior atinge 9,9%, a 34,05 bilhões de litros, produzidos a partir da cana-de-açúcar e do milho. Desse total, 14,48 bilhões de litros serão de etanol anidro e 19,57 bilhões de litros de etanol hidratado. Se considerarmos o combustível produzido a partir do esmagamento da cana deverá crescer cerca de 5,5%, projetado em 27,99 bilhões de litros. Já o produto fabricado a partir do milho apresenta uma alta de 36,3%, quando comparada com safra passada, estimada em 6,06 bilhões de litros.
“O crescimento do etanol produzido a partir do milho é resultado de planejamento e investimentos, sobretudo na Região Centro-Oeste, mas se expandindo para outras regiões com registro de fábricas em produção em estados como Alagoas e Paraná”, ponderou o gerente da Conab.
Regiões produtoras
Principal região produtora de cana do País, o Sudeste deverá aumentar o volume colhido em 12,2%, quando comparada com a safra anterior, totalizando 434,98 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A área apresenta uma leve redução, mesmo com os investimentos para a renovação das lavouras. Em compensação, a produtividade média deverá aumentar, passando de 75.629 quilos por hectares para 85.046 kg/ha.
Em São Paulo, Estado que registra maior volume a ser colhido, o início da safra foi marcado por chuvas intensas e consecutivas que trouxeram excelentes condições para as lavouras de cana-de-açúcar, promovendo o aumento do desenvolvimento vegetativo. “A partir do segundo semestre, houve a ausência hídrica, acelerando a colheita. No entanto, esse cenário tem se modificado e as chuvas que caem frequentemente vêm atrapalhando o processamento junto às unidades de produção, obrigando-as a parar seguidamente, fato que deve postergar ainda mais a moagem, que se estenderá até meados de dezembro, em alguns casos, seguir até janeiro”, ponderou Vasconcellos.
Já no Centro-Oeste, tanto a área quanto a produtividade deverão aumentar neste ciclo. Com isso, a projeção é que a colheita atinja 143,78 milhões de toneladas. Panorama semelhante é verificado no Sul do país. A maior área destinada para a cultura neste ciclo reverte as sucessivas reduções registradas, com alta de 2,6%. A melhora no desempenho é de 11,2%, alcançando 72.399 quilos por hectares, o que resulta em uma estimativa de produção de 35,32 milhões de toneladas de cana.
Na região Nordeste, a produção deve crescer 4,7%, chegando a 59,55 milhões de toneladas, influenciada, principalmente, pela elevação da área, uma vez que a produtividade se mantém próxima a estabilidade, com um leve acréscimo de 0,4%. No Norte, o acréscimo de área e a expectativa de melhores produtividades deverão aumentar a produção em 3,8%, quando comparada à safra passada, resultando em uma produção de 3,97 milhões de toneladas.