Na medida em que o ChatGPT amplia sua quantidade de adeptos e atualizações, o potencial por trás da inteligência artificial generativa (GenAI) percebido através do chatbot colabora com o aumento da insegurança profissional. Um relatório recente conduzido pela Hiring Lab, empresa americana que é braço de pesquisa do site de empregos Indeed, mostra que embora exista o potencial de haver uma disrupção no mercado de trabalho, os efeitos da IA generativa não serão sentidos igualmente em todas as profissões, mas podem afetar um quinto delas. As informações são de Victória Ribeiro, do jornal, IstoÉ Dinheiro.
A grande sacada (ou não) da pesquisa é que o resultado foi apontado pelo próprio chatbot desenvolvido pela OpenAI.
O relatório analisou mais de 55 milhões de vagas publicadas no Indeed nos Estados Unidos ao longo do último ano que mencionavam pelo menos uma habilidade de trabalho. Foram identificadas mais de 2,6 mil, que foram organizadas em 48 categorias.
Os pesquisadores então pediram ao ChatGPT para classificar a própria capacidade de realizar cada uma delas. E a resposta foi a seguinte:
• 19,8% dos empregos enfrentam o nível mais alto de exposição à IA generativa;
• 34,6% têm uma exposição mais baixa;
• 45,7% exposição moderada.
“Todas as revoluções geram impactos em modelos de trabalho”, afirmou Annina Hering, economista sênior do Hiring Lab do Indeed. “Foi assim com a Revolução Industrial e com a revolução digital e a transformação no processamento da informação. É um movimento conflituoso, mas natural.”
Embora a inteligência artificial generativa seja capaz de realizar diversas tarefas, Hering acredita que a tecnologia não irá substituir totalmente o trabalho humano.
Atividades como manicure e enfermagem, por exemplo, estão menos expostas.
Já as que se baseiam em dados, como programação e desenvolvimento de softwares, estão entre as mais ameaçadas.
Ainda assim, a IA não consegue suprir requisitos necessários em vários cargos. Por isso, o que pode e deve acontecer é uma soma de expertises, principalmente se a automação e realização de processos repetitivos forem levadas em consideração. “Quando olhamos para a GenAI, a enxergamos mais como instrumento com possibilidade de desbloquear o potencial humano do que substituí-lo”, afirmou Hering.
Para Annina Hering, economista sênior do Hiring Lab, “quando olhamos para IA generativa enxergamos mais como instrumento com possibilidade de desbloquear o potencial humano do que substituí-lo”
Profissionais que buscam manter vantagem competitiva devem dar prioridade à compreensão dos princípios da IA, especialmente a generativa, e suas potenciais aplicações, além de se concentrarem em aprender sobre novas ferramentas e tecnologias à medida que vão surgindo. “Isso ajuda a desmistificar a IA e a promover a colaboração eficaz com os seus sistemas”, disse Hering.
Como ocorre em outras áreas convém investir no aprimoramento de habilidades como pensamento crítico e resolução de problemas.
“Embora a IA seja excelente em tarefas rotineiras, acredito que os profissionais que se destacam na tomada de decisões complexas e na criatividade, continuarão em alta”
Annina Hering, economista sênior do Hiring Lab do Indeed
E, acima de tudo, é importante lembrar do valor duradouro das habilidades interpessoais. “A comunicação eficaz, a liderança e a inteligência emocional continuam indispensáveis no ambiente de trabalho, diferenciando os profissionais da IA.”
Além da automação de tarefas repetitivas, o que contribui com o aumento da eficiência e produtividade, Hering afirma que as vantagens proporcionadas pela IA vão além. De acordo com ela, a tecnologia é capaz de processar e analisar rapidamente grandes conjuntos de dados e pode desempenhar um papel fundamental no aumento da diversidade no ambiente de trabalho, através da elaboração de novas nomenclaturas e descrições de cargos, do refinamento do processo de contratação e da redução de enviesamentos durante a seleção de candidatos, destacando apenas qualificações e competências, e desconsiderando fatores como gênero ou raça. A tecnologia exige cuidado e regulamentação.
“Podem surgir dilemas éticos, como visto na criação de deepfakes ou na disseminação de desinformação”, disse a especialista, para quem a dependência excessiva da IA para a tomada de decisões e a geração de conteúdos pode limitar a criatividade dos colaboradores e suas capacidades de resolução de problemas.
“O rápido desenvolvimento dessa tecnologia exige consideração cuidadosa e uma abordagem vigilante para evitar armadilhas”, afirmou.