Itália, França e Espanha precisam realizar “ajustes orçamentários”, alertou, nesta última quinta-feira (23), Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), em uma entrevista a vários jornais europeus, na qual advertiu sobre as consequências do conflito no Oriente Médio e o aumento do populismo.
Paris, Roma e Madri “viram sua relação dívida/PIB aumentar consideravelmente”, assinalou a responsável do FMI na entrevista.
“Sua resposta orçamentária à covid foi, acertadamente, muito firme, mas levou a um aumento dos níveis de dívida e também a um aumento dos déficits”, afirmou Georgieva, antes de pedir a esses países que “realmente […] façam ajustes orçamentários”.
No caso da Itália, “o problema vê-se agravado pela desaceleração do crescimento derivada da retirada das medidas políticas de apoio”, afirmou.
“O ajuste orçamentário que a Itália está aplicando não funcionará com rapidez suficiente para reduzir o déficit e os níveis de dívida”, afirmou a responsável do FMI.
A França, por sua vez, está “em melhor posição porque o crescimento permite um ajuste orçamentário”, acrescentou. Mas o ano de 2024 “deve marcar um ponto de inflexão para o endurecimento orçamentário”.
Na entrevista, Georgieva também mencionou o caso espanhol, que se beneficiou de uma forte retomada dos serviços e do turismo. O país projeta um ajuste de 0,3%, uma cifra que o FMI considera “aceitável desde que a Espanha não renove as medidas de apoio político que expiram no final deste ano”.
Ao ser perguntada sobre o programa econômico do presidente eleito na Argentina, o ultraliberal Javier Milei, destacou que “o país precisa de um ambicioso plano de reformas”.
“Esta é nossa mensagem à Argentina há algum tempo e sempre é a mesma”, acrescentou.
Por outro lado, Georgieva indicou que, caso a guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas se prolongue ou intensifique, haverá “impacto tangível” na economia global.
“O crescimento em Israel será inevitavelmente afetado”, e o mesmo vai acontecer “com países vizinhos como Líbano, Jordânia e Egito, onde o turismo também é importante”, acrescentou.
Perguntada sobre o crescimento do populismo, a diretora-gerente do FMI declarou que, se não há “consciência da necessidade de aperfeiçoar constantemente as competências das pessoas”, existe um risco de “alimentar mais uma vez o populismo”.
Georgieva também mencionou “o papel das redes sociais”, que descreveu como “uma plataforma para os mais ruidosos, os mais raivosos e os que estão cheios de ódio”.