Técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri) e da Agência de Defesa Agropecuária (Adab) se reuniram, nesta última quarta-feira (22), para aprofundar as discussões acerca da mosca da carambola. Considerada uma praga quarentenária sem registro na Bahia, o inseto representa risco à cadeia produtiva da fruticultura e motivou, no dia 13/11, a decretação de estado de emergência fitossanitária em quatro estados da região norte do Brasil pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
A Bahia é o estado que mais exporta frutas frescas no Brasil e qualquer registro da mosca pode inviabilizar o comércio interestadual e internacional de manga e uva, que movimentam mais de R$ 2 bilhões por ano. “A preocupação com essa praga é real e a Seagri já se articula com a defesa sanitária, Mapa e os produtores para criar estratégias que mantenham o inseto longe. A cada hectare de uva plantado na Bahia, por exemplo, são gerados quatro empregos formais, o que demonstra a importância social e econômica da preservação da fruticultura em nosso estado”, explica o chefe de gabinete da Seagri, Luiz Rezende.
A reunião contou com a participação do professor e pesquisador da Embrapa, Antônio Nascimento, uma das maiores autoridades no assunto. Foi sob a liderança dele que foi criado o tratamento hidrotérmico, técnica que consiste em mergulhar frutas de até 425 gramas em água aquecida a 46ºC por 75 minutos e frutas entre 426g e 650g, por 90 minutos. O processo mata ovos ou larvas do inseto que estejam presentes e já é usado para a manga exportada pela Bahia para Europa e Estados Unidos.
Esse método, de acordo com o pesquisador, pode ser aplicado no caso da mosca da carambola, mas antes precisam ser realizados novos testes. E é com esse objetivo que a Seagri se articula para buscar recursos e parcerias que permitam tirar esse planejamento do papel e garantir aos mercados interno e externo as boas condições das frutas baianas.
Além do tratamento hidrotérmico, os técnicos indicaram também a necessidade de medidas que evitem a chegada da praga a Bahia, como barreiras sanitárias em aeroportos e rodovias, além do monitoramento das populações da mosca no campo, a fim de subsidiar o combate feito com métodos isentos de químicos, como a instalação de iscas no pomar e outras técnicas de manejo integrado de pragas (MIP).
Mosca
Nativa da Indonésia, Malásia e Tailândia, a espécie foi detectada pela primeira vez no Brasil em 1996, no Amapá. A mosca-da-carambola representa uma grande ameaça à agricultura do país por causa dos danos econômicos que essa praga pode causar, principalmente, à fruticultura.
Ao se alimentar de um fruto, a mosca-da-carambola deposita larvas que se tornam hospedeiras e aceleram o processo de amadurecimento e queda do fruto já estragado. Além da carambola, de maior preferência, a praga também pode atacar outras frutas, como goiaba, manga, jambo, acerola e tangerina, tornando os frutos inviáveis para consumo humano e aumentando o custo da produção por causa das medidas de combate.