O prefeito Bruno Reis (União Brasil) vai enviar à Câmara de Vereadores um pedido de financiamento para realizar o Prodetur 2, que será voltado para a população negra da capital baiana. A parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai viabilizar 87 milhões de dólares, que serão destinados a ações de fomento à economia criativa, ao afroempreendedorismo e ao afroturismo da cidade.
O anúncio foi feito durante a abertura da 2ª edição do Festival Salvador Capital Afro, que teve início nesta quarta (22) até sábado (25).
“Essa será a segunda etapa do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) da nossa cidade. O sucesso do Salvador Capital Afro é tão grande que a gente precisa dar continuidade com uma série de outras ações e iniciativas de estímulo. E é por isso que nós vamos firmar mais uma parceria com o BID, para desenvolver esse que é, sem sombra de dúvidas, o nosso maior ativo: a nossa população negra. Nunca antes tivemos, por parte das autoridades, a capacidade de compreender que essa é a melhor forma de apresentar Salvador para o Brasil e para o mundo”, afirmou Bruno Reis.
O recurso captado no BID ampliará projetos já realizados pela prefeitura, como o Afroestima, que realiza capacitação e mentoria de empreendedores negros da cidade, e o Afrobiz, que conecta a indústria criativa afro de Salvador com consumidores e investidores. O próprio movimento Salvador Capital Afro será incluído no Prodetur 2, assim como o Rolês Afro, que desenvolve roteiros turísticos de cultura afro-brasileira na capital baiana. Outros projetos inéditos, para dar conta de demandas desta população, serão inseridos.
Bruno Reis destacou que as ações municipais, como a programação do Novembro Salvador Capital Afro, têm dado retorno ao município. A ideia de tornar o mês um novo período de alta estação para o turismo surtiu efeito, tendo registrado média de 90% de ocupação nos hotéis. “Vários visitantes do Brasil e do mundo vieram para conhecer as nossas potencialidades, mas também vieram se conectar com as suas origens, conhecer a capital mais negra fora da África. E isso representa em números uma taxa de ocupação hoteleira entre 87% e 93%, a maior do mês de novembro na história da cidade”, afirmou.
O Festival Salvador Capital Afro, que chega à sua segunda edição, integra essas ações. “Um evento em que o foco é voltado para o setor negócios, para o estímulo à economia criativa, ao empreendedorismo negro e ao afroturismo. O objetivo é que, através da geração de emprego e renda, a gente reduza desigualdades sociais e fomente políticas de equidade racial. Fazer reparação através da criação de oportunidades. Sem sombra de dúvidas, potencializar ainda mais esse grande ativo que a nossa cidade tem, que é a nossa negritude”, afirmou o prefeito.
Festival
Aberta nesta quarta-feira, a programação do Festival Salvador Capital Afro vai até o próximo sábado (25), no Centro Histórico, com entrada gratuita. O evento reúne painéis, apresentações musicais, oficinas, rolês afro (passeios afrocentrados) e rodadas de negócios com foco nos eixos temáticos: afroturismo, artes visuais e música. A agenda completa do evento pode ser conferida no site www.salvadordabahia.com/capitalafro e nas redes sociais: @salvadorcapitalafro.
O secretário de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho, afirmou que o festival é um lugar para debater a criação de oportunidades, de empregos e de negócios: “No turismo, na área da economia criativa, no audiovisual e na música. A gente só vai ter uma cidade mais justa quando as pessoas pretas da cidade também se beneficiem desse setor de serviços. Então, esse projeto Salvador Capital Afro vem para potencializar, capacitar a população negra de Salvador, conectar com empresas, com outros grupos do mundo para gerar mais renda, mais potência, mais sucesso e mais prosperidade”, disse.
A secretária de Reparação de Salvador, Ivete Sacramento, destacou o festival como parte das ações de igualdade racial no município. “A reparação se constitui em você perceber o quanto falta para o desenvolvimento da população negra de Salvador. Nesse festival, temos a presença ativa de representantes nacionais e internacionais deste trabalho. Significa a nossa evolução nesse diálogo e nessa conexão real que nós temos historicamente com o continente africano. A prefeitura transformou o projeto num movimento para qualificar e melhorar a condição da população negra na cidade”, disse.
Além do Festival Salvador Capital Afro, está ocorrendo na capital baiana, como parte da programação do Novembro Salvador Capital Afro, outros eventos como o Festival Internacional do Audiovisual Negro do Brasil (Fianb), aberto na última terça-feira (21), no Cine Glauber Rocha, na Praça Castro Alves. No sábado, será realizado o inédito Desfile Salvador Capital Afro, com blocos afro se apresentando pelas ruas do Centro Histórico. No domingo (26), será a vez da Caminhada do Samba, com saída do Campo Grande.
Pedro Tourinho ressaltou este novo momento vivido pelo Centro Histórico, recebendo diversos eventos: “A Barroquinha, por exemplo, é onde surgiu uma das primeiras irmandades negras do Brasil. É onde surgiram também os terreiros de Candomblé. Então tem muito fundamento, tem muita história. O Distrito Cultural do Centro Histórico tem sido cada vez mais palco de eventos. A Conferência Municipal de Cultura foi aqui, o Fianb está sendo aqui, na semana que vem o Scream Festival será aqui. Tudo isso faz parte de uma estratégia de revitalização e ocupação desse espaço a partir de sua história e de suas potências”, afirmou.