O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, usou as redes sociais para comentar as agendas de Luciane Barbosa Farias, mulher de um chefe de facção no Amazonas e conhecida no estado como “dama do tráfico”, que participou de encontros no Ministério da Justiça e teve uma viagem para um evento em Brasília custeada pela própria pasta dos Direitos Humanos. Em postagem no X. (ex-Twitter), Almeida classificou o caso como uma “tentativa generalizada” de “fabricar escândalos” por parte de “extremistas de direita”.
O ministro afirma no início do texto que as revelações sobre Luciane — chamadas de “ataques difamatórios claramente coordenados” — teriam “como alvo central” o ministro da Justiça, Flávio Dino, um dos principais cotados à indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Supremo Tribunal Federal (STF). “A ele manifesto minha solidariedade e justa admiração”, escreveu Almeida.
“Há também por trás disso a tentativa generalizada, por parte de extremistas de direita, de a todo momento fabricar escândalos e minar a reconstrução da política de direitos humanos, uma vez que só conseguem oferecer ao país caos e destruição. Num momento em que o Brasil retoma seu rumo, de forma desesperada, determinadas figuras tentam vincular o governo ao crime organizado”, prosseguiu o ministro.
Nesta sexta-feira, veio à tona que, no início de novembro, Luciane participou de um evento em Brasília com a viagem custeada pelo Ministério dos Direitos Humanos. Segundo a pasta, o pagamento aconteceu após ela ter sido indicada como representante amazonense para participar do Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, na capital federal. O ministério sustenta que colegiados estaduais têm autonomia sobre essa despesa e que apenas atendeu à demanda, e que os colegiados também têm autonomia administrativa e orçamentária.
“No caso específico, a senhora Luciane Barbosa Farias participou de um evento organizado pelo Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, indicada como representante da sociedade civil pelo Comitê Estadual do Amazonas. Nem o Ministro, nem a secretária nem qualquer pessoa do Gabinete do Ministro teve contato com a indicada ou mesmo interferiram na organização do evento, que contou com mais de 70 pessoas do Brasil todo”, pontuou Silvio Almeida na postagem. “Os comitês estaduais – que integram o sistema nacional de prevenção e combate à tortura, criado por lei em 2013 – indicaram livremente seus representantes ao evento, repito, sem qualquer interferência do Gabinete Ministerial ou das secretarias do ministério neste processo”, continuou o ministro.
“Os próceres da extrema-direita brasileira não têm compromisso com a verdade nem com Brasil; não têm compromisso com o combate ao crime organizado; se valem de distorções para difamar, caluniar e destruir as conquistas do povo brasileiro. Estas pessoas não irão interromper o Brasil novamente”, encerrou o titular da pasta.
Mulher do chefe de uma facção criminosa amazonense, Luciane foi condenada em segunda instância a 10 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa, mas recorreu e responde em liberdade. Ela é mulher de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, chefe da facção amazonense, e, segundo o Ministério Público, desempenhou um papel essencial na ocultação de valores do tráfico movimentados pelo marido.