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quarta-feira 8 de novembro de 2023 às 16:39h

Governador de Alagoas, Paulo Dantas filia desafetos de Renan Calheiros no PSB, presidido por sua filha

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De olho nas eleições municipais do ano que vem, o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), encontrou uma maneira de realizar seus planos políticos sem se indispor com o seu maior aliado e correligionário, o senador Renan Calheiros. Desde janeiro deste ano, a sua filha e atual secretária de estado da Primeira Infância, Paula Dantas, assumiu a presidência do diretório do PSB — partido que tem abrigado políticos que contam com o apoio do governador, mas são desafetos de Renan, diz Luísa Marzullo, do O Globo.

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Até o momento, o PSB tem 11 pré-candidatos lançados e especulações nos demais 102 municípios que compõem o estado. Entre as confirmações, há três recém-filiados à sigla, todos avessos ao senador e que disputarão contra concorrentes do MDB, partido de ambos os políticos alagoanos. São eles: Paulo Roberto, em Satuba; Bruno Teixeira, em Marimbondo; e Wallyson Firmo, em Mata Grande.

Apesar de ainda não ter oficializado a sua pré-candidatura, o ex-secretário de Educação Marcius Beltrão representa o caso mais marcante desta disputa. Entre janeiro e outubro, o então titular da pasta foi alvo de críticas por parte de Renan Calheiros, que defendia uma renovação na área.

Beltrão ingressou no PSB em maio deste ano e já deu claros indícios de que deseja concorrer à prefeitura de Penedo, cidade que já governou por cinco mandatos. O impasse deste plano é o emedebista Reinaldo Lopes, atual prefeito que busca a reeleição.

A expectativa é que Dantas não se comprometa com nenhum dos dois, para não desgastar suas alianças. Mesmo tendo saído derrotado do primeiro escalão, Beltrão é influente em relação ao governo do estado. Tanto que conseguiu emplacar sua filha, Alice Beltrão, na Secretaria de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Sedics).

Em outros municípios do estado, o clima também é de enfrentamento entre o grupo político que está no poder e os novatos do PSB. Em Marimbondo, a atual prefeita emedebista, Leopoldina Amorim, deseja lançar o seu sobrinho, Jorjão, e conta com o apoio explícito de Renan. O partido da filha do governador, contudo, já lançou Bruno Teixeira, irmão do secretário da Ressocialização e Inclusão Social, Diogo Teixeira.

Em Mata Grande, o contexto se repete. Aliado de Renan, o atual prefeito Edivaldo Mandu (MDB) irá indicar o seu sucessor, que deve enfrentar um ex-aliado nas urnas. Pré-candidato do PSB, o vereador Wallyson Firmo já esteve no mesmo grupo de Mandu.

No ano passado, no entanto, os dois romperam, e o pessebista chegou a ser expulso da sigla em que, à época, eram filiados — o PTB. A crise teve início quando Firmo deixou a base governista e passou a criticar a gestão publicamente.

Imagem poupada

Além de evitar que Dantas se comprometa com mais de um político nas cidades, a manobra tem ajudado na preservação da imagem do governo na pré-campanha de Maceió, capital do estado. Atualmente, a cidade está sob o comando do seu opositor João Henrique Caldas (PL), o JHC. Favorito à reeleição, o prefeito mantém um confronto constante, mas pacífico, com o governo do estado.

O exemplo mais recente ocorreu nesta semana, quando o governador pressionou JHC para que o patrocínio ao Festival Bumba Meu Boi fosse mantido. O prefeito havia cancelado as festividades, que ocorrem no próximo dia 20, mas voltou atrás após a organização do evento ter se reunido com Dantas.

Os ataques pessoais ficam por conta de sua filha, que preside localmente o ex-partido de João Henrique Caldas. A saída do prefeito do PSB ocorreu entre o primeiro e segundo turno das eleições do ano passado. A migração para o PL ocorreu por uma divergência de apoios: a sigla de Paula aderiu à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto o prefeito declarou voto no ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL).

A saída de JHC representou uma grande derrota para o PSB, já que o prefeito representava o quadro mais importante do estado. Neste cenário, a posse de Paula Dantas teve o intuito de promover uma reestruturação visando as eleições municipais do ano que vem.

As mágoas da sigla com o prefeito, pelo visto, ainda não cessaram. Em outubro, o partido veiculou, durante uma inserção partidária na televisão, críticas pessoais a JHC. Por decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL), o conteúdo foi retirado do ar.

Pela legislação, o espaço televiso em ano não eleitoral tem como propósito promover filiações, sem cunho eleitoral. O desembargador Sérgio de Abreu de Brito entendeu que as mensagens tinham o objetivo de desqualificar o adversário político para o pleito de 2024.

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