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domingo 5 de novembro de 2023 às 08:22h

As dificuldade do PL de emplacar candidatos em capitais

ELEIÇÕES 2024, NOTÍCIAS


Com planos de eleger mais de mil prefeitos em 2024, o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda patina de acordo com reportagem de Camila Turtelli e Dimitrius Dantas, do jornal O Globo, para montar palanques em pelo menos nove das 15 capitais onde indicou a intenção de lançar candidaturas. Nas cidades dos três maiores colégios eleitorais do país, apenas em Belo Horizonte há consenso sobre lançar o deputado estadual Bruno Engler. Já em São Paulo e no Rio a sigla ainda bate cabeça sobre o melhor nome a menos de um ano da disputa.

Na capital fluminense, berço político do bolsonarismo, o PL precisou rever sua estratégia após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenar o general Walter Braga Netto à inelegibilidade na semana passada. O ex-ministro da Defesa era o mais cotado para tentar evitar a reeleição do atual prefeito, Eduardo Paes (PSD).

Apesar de lideranças do partido defenderem o nome do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) na disputa, ainda não há acordo para que ele seja mesmo o candidato. Filho mais velho do ex-titular do Planalto, o senador Flávio Bolsonaro afirmou ao jornal “Folha de S.Paulo” que o “martelo não está batido”, citando outros parlamentares que poderiam carregar a bandeira do bolsonarismo na eleição municipal, como o senador Carlos Portinho e o deputado Luiz Lima.

O próprio Flávio tentou se viabilizar como candidato na cidade no início do ano, mas a iniciativa foi barrada pelo seu pai, que vê com mais simpatia a permanência do filho no Senado.

Plano B

A Justiça Eleitoral também deve influenciar a escolha do candidato da legenda em Curitiba. O ex-deputado federal Paulo Martins é o nome da sigla para disputar a prefeitura, mas ele tem preferência por tentar uma cadeira no Senado em caso de cassação do senador Sergio Moro (União-PR). Martins foi derrotado nas urnas pelo ex-juiz no ano passado, mas o PL entrou com um pedido de perda de mandato sob alegação de erro na prestação de contas.

— Se a Justiça cassar Moro e der tempo de o Paulo Martins concorrer ao Senado, nós acompanharemos o candidato do governador (Ratinho Jr.), que é o Eduardo Pimentel (PSD). Se cassarem o Moro depois das eleições municipais, o nosso candidato é o Paulo Martins — afirmou o presidente do PL no Paraná, deputado Giacobo.

Em outras capitais a dúvida que assola o PL é se lança um candidato próprio ou apoia um aliado com mais chance de vitória. Em São Paulo, por exemplo, o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, afirma que Bolsonaro é quem vai decidir se subirá no palanque do atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), ou se apostará em um nome mais alinhado às suas bandeiras, como o deputado Ricardo Salles. Diante da indefinição, o ex-ministro negocia sua saída do PL para viabilizar a candidatura em outra legenda.

— Não tenho dúvidas que o Bolsonaro vai eleger muitos prefeitos. Quanto ao Ricardo Nunes, que é a nossa preferência, precisamos aguardar decisão do Bolsonaro. É ele quem vai decidir — disse Valdemar ao jornal.

Uma das possibilidades é Bolsonaro apoiar Nunes, mas indicar um nome como vice. Uma das cotadas é Sonaira Fernandes, secretária de Políticas para a Mulher do governo Tarcísio de Freitas.

Ala pragmática

Para o cientista político Leandro Consentino, professor do Insper, o PL trafega em duas vias nessas eleições. De um lado, há uma tentativa de expor mais o partido e o bolsonarismo, o que interessa ao ex-presidente. De outro, uma visão mais pragmática, em busca de alianças, já tendo em vista 2026, quando a sigla tentará eleger mais deputados para conquistar fatias maiores do fundo partidário e do tempo de televisão.

— São Paulo é um caso clássico, onde uma ala mais tradicional tem essa visão mais pragmática, apoiando a candidatura de Nunes, e uma mais ideológica, que gostaria de ver lançado um candidato próprio — disse Consentino.

A exemplo de Salles, nomes mais ligados ao bolsonarismo também tentam a chancela do ex-presidente para entrar na disputa, a despeito de negociação do PL para compor alianças. Em Belém, por exemplo, o deputado Eder Mauro, apoiador de primeira de hora de Bolsonaro, é uma das possibilidades, mas Delegado Eguchi (PTB) aparece como opção de candidato da direita.

O mesmo cenário é observado em Manaus, em que Coronel Alfredo Menezes (PL), amigo do ex-presidente, tenta se viabilizar como candidato. O partido, no entanto, pode compor a aliança do atual prefeito, David Almeida (Avante), que vem oscilando em acenos a Lula e a Bolsonaro desde a campanha do ano passado, de olho na reeleição.

Em Fortaleza, o PL ainda não decidiu entre dois nomes do próprio partido, o deputado federal André Fernandes e o deputado estadual Carmelo Neto. O mesmo acontece em Natal, onde as discussões são com os nomes dos deputados federais Sargento Gonçalves e General Girão.

Já em Porto Alegre, o PL definiu que não será cabeça de chapa. A decisão foi pelo apoio à reeleição de Sebastião Melo (MDB), com a indicação de Ricardo Gomes como vice. (Colaboraram Bianca Gomes e Guilherme Caetano)

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