A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou nesta sexta-feira (27) uma resolução que exige cessar-fogo imediato no conflito entre Israel e o grupo militante palestino Hamas.
O texto, capitaneado pela Jordânia, é apenas recomendatório, e não mandatório, o que significa que as partes envolvidas não são obrigadas a aplicar a resolução. O placar foi de 120 votos a favor, incluindo um voto do Brasil, 14 contra e 45 abstenções.
Depois de vários impasses no Conselho de Segurança da ONU, países que apoiam o fim da guerra no Oriente Médio convocaram a reunião de emergência da Assembleia Geral para tentar fechar um acordo de cessar-fogo. Enquanto no Conselho de Segurança países com assento permanente, como Estados Unidos ou Rússia, têm poder de vetar as resoluções, na Assembleia Geral basta o voto da maioria dos países para que um texto seja aprovado.
Em pronunciamento antes da votação desta sexta, o observador permanente da Palestina junto às Nações Unidas, Riyad Mansour, pediu o cessar-fogo imediato. Emocionado, ele falou dos mais de 7 mil palestinos mortos desde o dia 7 de outubro e questionou a diferença de tratamento dado para as vítimas israelenses e as vítimas palestinas.
“Porque se sente tanta dor pela morte dos israelenses e tão pouca dor por nós, os palestinos? Qual é o problema? Nos temos a fé errada? A cor de pele errada? A nacionalidade errada? A origem errada? Como os representantes dos países podem explicar o quão horrível é a morte de mil israelenses e não sentir o mesmo pela morte de mil palestinos que estão morrendo agora, a cada dia?”.
Já o representante de Israel, Gilad Erlan, chamou de absurda uma resolução pelo cessar-fogo e comparou o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que resultou na morte de 1.400 israelenses, a um câncer.
“A missão de Israel é erradicar esse mal da terra. Erradicar. Hamas não pode mais existir. Nosso objetivo é a completa erradicação do Hamas e suas capacidades. E vamos usar todo o tempo que tivermos para alcançar isso. Existe apenas uma solução para curar um câncer e é extirpando cada célula cancerosa”.
No âmbito do Conselho de Segurança, a Rússia e a China usaram poder de veto na quarta-feira para derrubar uma proposta dos EUA sobre o conflito. Um outro texto, apresentado por Moscou, também não foi para frente, depois de não conseguir o número mínimo de votos necessário para aprovação.
Enquanto a proposta dos EUA é baseada em pausas no conflito para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza, a Rússia quer um cessar-fogo humanitário. Para qualquer resolução ser aprovada, os projetos precisam de pelo menos nove votos e nenhum veto de Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia ou China.
Os Estados Unidos propuseram o seu próprio projeto de texto no último sábado, 20, que chocou alguns diplomatas com a sua franqueza ao afirmar que Israel tem o direito de se defender e exigir que o Irã deixe de exportar armas para grupos militantes. Desde então, a proposta foi abrandada, eliminando referências diretas à Teerã e ao direito de Israel à autodefesa.
Na semana passada, o Conselho de Segurança também rejeitou a proposta do Brasil para a guerra Israel-Hamas. A proposta brasileira recebeu 12 votos a favor, um contra e duas abstenções. Como o voto contrário foi dos Estados Unidos, com direito a veto devido ao status de membro permanente do Conselho, o texto foi rejeitado.
A decisão do Conselho foi criticada pelo representante permanente do Brasil nas Nações Unidas, embaixador Sergio Danese, que condenou o que chamou de “paralisia” do Conselho de Segurança. “Mais uma vez, o Conselho de Segurança é marcado por inação”, afirmou ele.