O novo presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira Fernandes, começou a pavimentar a trilha que o levou ao topo do banco há dez anos, ainda no governo Dilma Rousseff. A partir de 2013, ocupou postos-chave em ministérios de orçamento robusto — posição privilegiada que o aproximou do trâmite de liberação de emendas parlamentares e estreitou a relação com o Congresso. As informações são de Geralda Doca , Alice Cravo e Sérgio Roxo, do jornal O Globo.
Trajetória que alçou novo presidente da Caixa ao posto inclui Dilma,Temer e Centrão; entenda
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Na função de secretário-executivo do Ministério das Cidades, foi braço-direito de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), hoje líder da Maioria na Câmara; e de Gilberto Occhi, nome próximo ao Centrão. A experiência o levou a exercer a mesma função na pasta da Integração Nacional, quando Occhi foi para o cargo.
Os cargos anteriores o aproximaram de políticos como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um dos responsáveis pela indicação de Vieira ao cargo. O novo presidente da Caixa também conta com a simpatia dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
Torcedor do Fluminense e amante de samba, ele concluiu a graduação em Estudos Sociais na Universidade Federal da Paraíba. Vieira beneficiou-se também de um desgaste com Rita Serrano, desalojada do cargo, que já vinha se arrastando.
Vinda do movimento sindical e sem experiência no setor financeiro, ela sempre esteve no alvo dos partidos do Centrão. A imagem começou a se desgastar quando decidiu cobrar pelas operações com Pix sem combinar com Lula. Foi obrigada a recuar da decisão. Nesta semana, uma exposição na Caixa Cultural que retratou Lira dentro de uma lata de lixo contribuiu para a queda. A mostra irritou Lula, segundo interlocutores, e o presidente teria questionado a Casa Civil na segunda-feira sobre o andamento do processo de nomeação de Vieira — cabe à pasta fazer uma checagem antes de as trocas serem formalizadas.
A acomodação para atender ao Centrão surtiu efeito imediato: após semanas de adiamento, os deputados aprovaram na noite de ontem o projeto que prevê a taxação dos “super ricos”, parte essencial da agenda econômica do governo.
Contando mandatos interinos, esta é a sexta troca na presidência da Caixa desde 2018. Ou seja, em média, cada ocupante fica no cargo por um ano. O banco desperta a cobiça de políticos por operar programas que garantem visibilidade e entregas na ponta da sociedade, como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família, ambos de forte apelo eleitoral, além de fornecer crédito a projetos de infraestrutura de estados e municípios.