Integrantes do Centrão que não tiram o olho da cadeira do ministro da Agricultura aproveitam as discussões sobre o projeto de taxação das offshores para promover segundo Roseann Kennedy, da coluna Estadão, uma nova fritura de Carlos Fávaro (PSD-PR). O imbróglio envolve o Fiagros, que é o fundo de investimentos voltado ao agronegócio.
Parlamentares ligados à bancada ruralista reclamam, sem levantar a voz em público, que o titular da Agricultura não tem se esforçado junto ao governo para resolver as demandas do setor relacionadas ao fundo. Nos bastidores, se queixam de “desdém” de Fávaro. A expectativa é votar o projeto das offshores nesta quarta-feira, 25, após discussão no colégio de líderes.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, os parlamentares ruralistas são contra a proposta do governo de aumentar o número mínimo de cotistas sob o argumento de que a medida inviabiliza o desempenho dos títulos. A bancada do agro, que reúne quase 400 deputados e senadores, condicionou a negociação do Fiagros ao apoio ao projeto de taxação das offshores.
O patrimônio dos Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagros) aumentou 170% na comparação anual, passando de R$ 5,70 bilhões em julho do ano passado para R$ 15,40 bilhões em julho deste ano.
Diante da postura do ministro, parlamentares da bancada ruralista passaram a negociar diretamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O drible ao Ministério da Agricultura é uma resposta ao que classificam como “ausência” de Fávaro nas negociações que envolvem interesses do setor.
Outro momento tenso na relação com o ministro foi durante a elaboração do Plano Safra, quando o agronegócio pediu maior incremento para o seguro rural. A pauta também terminou sendo levada para discussões com Haddad, em meio às tratativas das votações da reforma tributária e do projeto do Carf, na Câmara, em julho.
Como revelou ao Estadão/Broadcast, alguns parlamentares ruralistas consideram Haddad mais atuante e aberto ao diálogo em temas que envolvem o Tesouro que o próprio ministro da Agricultura.
Procurado, o ministro da Agricultura não retornou até a publicação desta reportagem.