O assessor especial do Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou à coluna de Bela Megale, do O Globo, que não vê fatores que contribuam “para amainar” a guerra entre Israel e o Hamas.
— Não vejo algo que contribua para amainar (a guerra). Vejo o conflito se alastrando, a tendência é que se espalhe — disse Amorim, que teve uma longa reunião com o presidente Lula nesta segunda-feira sobre a situação no Oriente Médio e é conselheiro do petista no tema.
Para fazer o diagnóstico, o assessor especial mencionou o bombardeio israelense que atingiu o aeroporto da cidade síria de Aleppo, no sábado, e a ampliação do conflito para a região norte de Israel, na fronteira com o Líbano, onde atua o Hezbollah.
— O bombardeiro no aeroporto de Aleppo acaba sendo um estímulo para que a Síria entre no conflito. Vamos lembrar que o governo sírio ficou muito ligado à Russia. Isso é uma complicação. Não estou dizendo que a Rússia vai entrar na guerra, mas é um fator complicador. Por outro lado, o conflito também está se espalhando para o norte, na fronteira com Líbano, onde está o Hezbollah — avalia Amorim.
Na sexta-feira, a ONU informou que número de pessoas deslocadas internamente na Faixa de Gaza por causa da guerra entre Israel e o Hamas aumentou para mais de 420 mil.
— Já se falam em, 400 mil, 600 mil pessoas deslocadas. Esse número pode chegar a ser similar ao número de pessoas que se deslocaram no chamado “nakba”, momento do êxodo forçado da população palestina, depois dos conflitos após a fundação do Estado de Israel — afirmou Amorim.
Nakba significa “catástrofe” e é uma referência ao êxodo palestino durante e após a guerra entre árabes e israelenses de 1948. A ONU estima que 700 mil pessoas tenham fugido ou sido forçadas a deixar suas casas.
Amorim disse, no entanto, que vê “sinais” da Europa e dos Estados Unidos no sentido de “conter um pouco a reação de Israel”.
— Seria bom para evitar esse alastramento da guerra.