Sete dias de confrontos criam dificuldades de acesso à saúde, água e saneamento colocando serviços à beira do colapso; comunidades israelenses, com destaque para a cidade de Sderot, realizavam evacuação completa.
O Escritório da ONU para os Assuntos Humanitários, Ocha, informou que pesados bombardeios aéreos, marítimos e terrestres foram realizados por militares de Israel de forma quase ininterrupta em Gaza. Até às 22h00 de sábado, tempo local, foram confirmados 315 mortos e 1.048 feridos na área.
Neste domingo, a agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, anunciou o deslocamento de 1 milhão de pessoas nos primeiros sete dias de confrontos.
Deslocados devido aos confrontos
O Ministério da Saúde palestino em Gaza destacou que os confrontos geraram mais de 400 mil deslocados palestinos, antes da ordem para que os civis saíssem do sul para o norte da região.
Para o subsecretário-geral dos Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, o espectro da morte paira sobre Gaza. Ele disse estar claro que milhares de pessoas morrerão com a falta de água, energia, comida e medicamentos.
O Ocha revelou que grupos armados palestinos em Gaza continuaram lançando foguetes de forma indiscriminada contra centros populacionais israelitas, incluindo a área metropolitana de Telavive. Sem mortes registradas nas últimas 24 horas do lado israelense, estima-se que 183 pessoas ficaram feridas.
A cidade de Sderot estava em evacuação completa, segundo a mídia israelense. Muitos teriam deixado Ashqelon e outras cidades, após deslocamentos em massa no sul de Israel, especialmente em pequenas comunidades nas imediações de Gaza.
Acesso à saúde, água e saneamento
As necessidades em Gaza agravaram pelo quarto dia consecutivo impedindo a oferta de serviços essenciais. Há dificuldades de acesso à saúde, água e saneamento colocando serviços à beira do colapso e agravando a insegurança alimentar.
Todos os hospitais da região contam com reservas de combustível para operar geradores de reserva durante poucas horas. O desligamento destes aparelhos colocaria em risco imediato a vida de milhares de pacientes.
As forças israelenses mataram 19 palestinos em toda a Cisjordânia, incluindo sete crianças. A semana terminou com 49 mortes, incluindo 13 menores, no período com mais casos fatais de palestinos desde que o Ocha começou a registrar vítimas na área, em 2005.
Na semana passada, o Ocha lançou um apelo urgente de US$ 294 milhões para impulsionar a atuação de 77 parceiros humanitários na resposta às necessidades mais urgentes de 1,260 milhão de pessoas em Gaza e na Cisjordânia.
Risco muito grave de escalada militar
A conselheira especial da ONU para a Prevenção do Genocídio, Alice Wairimu Nderitu, manifestou sua “forte condenação” pela situação vivida dentro e ao redor da Faixa de Gaza apontando para o risco muito grave de escalada militar na região.
Em nota emitida em Nova Iorque, ela considera inaceitável a retenção de reféns israelitas pelo movimento Hamas na área. Nderitu chama a atenção para a vulnerabilidade dos palestinos e de outros civis que permanecem ou fogem de suas casas devido aos riscos colocados pela violência crescente.
A conselheira especial condena com veemência a atual situação e reitera que devem ser tomadas “medidas eficazes” para reverter o rumo de escalada com “ações imediatas e urgentes que ainda podem fazer a diferença.”